As tais oportunidades
que afloram na superfície dos dias e quase nem merecem o necessário respeito do
aproveitamento, uma delas o sorriso, tranquilidade na forma de gente, que
poucos, raros, raríssimos, utilizam no seu proceder. Pouco, nada de esforço,
pede o sorriso fagueiro, abridor de horizontes e, no entanto, contém milhões de
fascínios a ponto de transpor as portas e janelas diante das correrias idiotas
desses blocos de metais enferrujados.
Leveza no ar e perenes
sentimentos vagam a praia das faces felizes. Só alguns animais riem. A hiena, o
cachorro, os pássaros e seus cantos de trinados infinitos. A hiena, o riso torto
de alienado, dentes a mostra e olhos pelo chão das ribanceiras, esforço de quem
simula vitória inexistente, fingimento e grosseria. A todo custo, impõe
condições de conquista às lamas ralas das carniças, a hiena. Já o cachorro, decantado
amigo do homem, quando deixaram a existência da cauda, balança esse formato de
rabo a qualquer sintoma de cordialidade do vaidoso proprietário.
Os humanos, porém,
gargalham perdidamente diante dos obstáculos da mediocridade. Facilitam
janelas na cara aos outros, no exercício do ofício de tratadores de cavalos que
escovam o pelo dos bichos à intenção de agradar as cavalariças, contudo
agradando menos a si próprios tratadores, consumidores inveterados de ilusões. Gargarejam
o gesto de rir, esquecidos da qualidade especial de um sorriso, início das
relações agradáveis e fraternas. Bobos das cortes medievais, que trabalhavam o
humor dos reis, expostos a coices e lapadas, esforço de arrancar felicidade
daqueles solos endurecidos e corações vaidosos na farra da ambição.
Hoje, contudo, chances
de amizade circulam consciências, pedido paz na guerra da fama. As crianças
mesmas usam a função do sorriso independente de outras preocupações, gestos
simples da alma e mentes aberta ao infinito. Quiséssemos considerar a crise
aborrecida desses tempos dos materiais químicos através das lentes grossas da
investigação independente, ali habitariam a imprudência da falta de verdade nas
multidões profissionais da sobrevivência. Catucaríamos velhas latas de peitos
mutilados e descobriríamos tolos rabugentos só tangendo tropas de mendigos fantasiados
de campeões da inutilidade.
O calendário e os
relógios, igualmente, reservariam doses extremas de frustração aos teimosos do
aborrecimento. Ninguém passaria impune pelos corredores dessa aridez das
ciências dos corações felizes.
Sorrir, e sorrir
sempre, eis a prova máxima da esperança e os pomos harmoniosos que dormem grudados
às dobras internas de todos nós.
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