No século VI a.C., os pequenos
reinados da Índia viviam em luta. Nesse período, na Ásia havia uma onda de
mudanças nas ciências, artes e ideias. Por volta de 523 a.C., no reino de
Kapilavastu, pequeno país da etnia dos Sákias, lá onde hoje existe o Nepal,
nascia Sidarta Gautama, depois conhecido por Sakyamuni, o Sábio dos Sákias.
Seus pais se chamavam Rei
Suddhodana e Rainha Maya.
Numa viagem com destino ao
palácio de verão, no bosque Lumbini, às margens de um rio, a rainha sentiu as
dores do parto e sobre folhas de lótus deu à luz o menino Sidarta. Conta a
lenda que nesse instante o tempo se inundou de perfume, choveram pétalas de
flores do céu e ouviram cânticos celestiais de louvor e beleza. Sete dias depois,
a Rainha Maya morreu, deixando ao marido a educação do filho.
Mais algum tempo e o soberano,
agora casado com uma irmã de Maya, quis saber o que o Destino reservaria ao
filho. Nas encostas do Himalaia, buscou um sábio, que disse que o príncipe ou tornar-se-ia
poderoso monarca ou viria a ser um sublime religioso.
Suddhodana se indignou diante da segunda
possibilidade. Daí cuidou de cercar o filho das pompas da corte. Farei dele seu
sucessor. Jamais permitiria conhecesse os males do mundo, doenças, velhice, pobreza;
os desgostos e as contradições que viessem estimular seus sentimentos
religiosos.
Para onde seguia, emissários à
frente disfarçavam todas as circunstâncias, evitando ao máximo que soubesse das
fraquezas existentes nos lugares onde andasse.
Na idade adulta, escolheu a
esposa, Yasodhara, sua bela prima.
Certa vez, contudo, a segurança
deixou de cumprir o papel de isolá-lo da realidade e ele, driblando o zelo do
pai, fugiu solitário num passeio noturno, a se deparar com as tristezas da
Terra.
O impacto causou no jovem extrema
reação. Viu de perto o sofrimento em que a vida carnal resume o caminho para a
morte. Também encontrou um monge mendigo que explicou a escolha de buscar a
libertação interior e exterior.
Sidarta era, então, pai de um
menino, Rahula. Despediu-se da esposa, levou consigo um serviçal e à
meia-noite, a cavalo, ele cruzou, os portões do palácio rumo ao desconhecido.
Muito distante, trocou as roupas nobres
com as do servo, devolveu-lhe a montaria, mandou-o regressar e seguiu
mendigando pelas estradas e vilas.
Largos anos transcorridos, Sidarta
reveria os familiares quando se afirmara na trajetória de compreender a Verdade Plena.
Primeiro quis conhecer os ensinos
dos mestres. Juntou-se a cinco andarilhos e saiu a peregrinar. Realizou jejuns
e sacrifícios, sob o costume dos povos orientais.
Após três anos dessas práticas, se
viu à beira da penúria, magro e debilitado. Nesse momento, concluiu que a
resposta se acha no meio e não nos extremos, razão que o levou a abandonar a
experiência mortificadora, espantando os companheiros de busca que viram nele
alguém desprovido de resistência. Uma donzela, no entanto, o alimentou até
restabelecer a saúde.
Refeito, se sentou à sombra de um
Ficus religiosus, árvore frondosa do
bosque conhecido por Buda Gaya, lugar de iluminação, e resolveu meditar.
Saíra de casa há seis anos. Aos
35 anos de idade, uma madrugada de lua cheia ao brilho da Estrela Matutina,
Sidarta Gautama completou seu processo autorrevelador ao chegar à cessação
absoluta do sofrimento pela concentração mental, o completo domínio do
pensamento.
Nessa hora percebeu que reunia em
si as condições suficientes do que tanto almejara, porquanto nisto reside a
descoberta verdadeira. Ainda tentado por dançarinas seminuas e por Mara, o rei
dos demônios, Sidarta Gautama obteve o controle absoluto da Vontade, e galgou a
Suprema Realização.
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