segunda-feira, 27 de maio de 2013

Oração de curar engasgo

Certa vez, na missa de domingo, um roceiro foi tocado de imensa compaixão pela figura do Cristo esquelético na cruz, que avistara no altar da igreja, trazendo, nas costelas à mostra, sinal de muita fome e penúria, de braços abertos, no derradeiro sacrifício.

- Senhor, vá almoçar comigo na minha casa, de hoje a oito dias - pensou sensibilizado, convidando, dessa forma, Jesus para lhe atenuar as visíveis necessidades daquela situação.

Uma semana depois adquiriu alguns peixes e mandou que sua mulher os preparasse, dizendo a que se destinavam, pois havia chamado o Divino Mestre para com eles almoçar.

Pouco antes da hora da refeição tivera de sair rápido a compromisso de que logo retornaria. Nesse ínterim, apresentou-se um velhinho carente que pediu à esposa do roceiro qualquer coisa de comer. A mulher negou o alimento, se omitiu atender ao necessitado, informando que tinha só o suficiente dos que viviam na casa.

Restou ao ancião seguir viagem. Embora chegando quase no mesmo momento em que isso acontecia, o dono da casa não pôde tomar conhecimento da ocorrência, porquanto a mulher nada falou a respeito. Aguardaram pouco mais e o marido, achando que não receberia a tão esperada visita, pediu o almoço.

Bem no início do repasto, a esposa viu-se engasgada por espinha do peixe que atravessara sua garganta. Nessa hora, lhe veio no pensamento o velhinho pedinte de horas atrás.

- Antes de tua volta, agora há pouco, aqui passou  um esmole, e esse povo antigo tem muita experiência - lembrou ao marido. - Será que ele não sabe de uma oração para engasgo? – falou chorosa entre aflita e cheia de esperança.

Veloz, o roceiro cuidou de seguir na direção em que o homem se afastara, localizando-o daí a pouco na sombra de uma árvore após a primeira curva da estrada. Explicou, então, ao ancião o estado da mulher e pediu auxílio para tirá-la da dificuldade. Atencioso, o velhinho orientou:

- Quando o senhor regressar na casa, ponha a mão no pescoço dela e diga essas palavras: - Homem bom, mulher má, casa velha, esteira de palha, por onde o mal entra por aí mesmo ele sai.

O marido voltou ao lar e fez tudo de acordo com a instrução obtida, vendo desde logo saltar fora a espinha inoportuna, livrando dela a ingrata companheira. 


Obs.: História ouvida de Manoel Ferreira da Silva (Manu).

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