Há uma tendência
natural de retornarem à memória ocorrências do passado que marcaram com maior
intensidade os sentimentos. No carrossel das oportunidades e vivências, o que
permanece apenas diz respeito aos acontecimentos de relevância, numa função
separativa da mente, a defender de sobrecargas a consciência. Caso ninguém
esquecesse o que lhe fosse indiferente, jamais existiria memória suficiente a
guardar todas as situações experimentadas. Tal função compete aos aspectos
seletivos do sistema racional, a preservar o pensamento desses excessos
indiferentes.
Aquelas ocorrências
relevantes, por sua vez retidas pela sua voltagem sentimental das emoções,
quando retornam ao eu do momento, no entanto, de imediato podem ser classificadas
em relação aos níveis de qualidades negativas ou positivas. De comum, a força
das emoções traz momentos vividos na intensidade antipática ou simpática,
parâmetro de seleção.
Quando vêm lembradas
tais ocasiões das agruras do passado, experimentadas com desgosto, essas
recordações permanecem marcadas na dor. O que também ocorre, porém no sentido
inverso, das oportunidades vividas ao sabor dos prazeres de outras vivências. O
forte de cada aspecto fica bem guardado nos armários dos sentimentos, pois.
Quem escreve lida de
perto com tais pedaços ruins ou bons da própria história. Ao transcrever em
palavras e frases essas fatias de memórias, refletem nos textos os humores
daquelas situações, registrando conteúdos acumulados em picos de emocionalidade.
A literatura sobrevive
à custa da força seletiva das mentes dos seus redatores, que trabalham,
sobretudo, planos fortes das inspirações, porquanto houvesse só textos
racionais, trabalhados pelo cálculo, e a literatura perderia o aspecto
artístico da originalidade, virando objetos mecânicos vomitados de máquinas
frias.
Com isso, o escritor detém
potencial de elaboração suficiente a transmitir cargas informativas suficientes
a reelaborar além dos pensamentos os sentimentos originais do processo criativo,
desde a mais remota criação, numa capacidade rica e transcendente da linguagem oral
na forma escrita.
Estas considerações
ganham corpo, inclusive, diante dos textos sagrados, a permanecer consistentes
no passar das gerações, submersos em mistério, a mover povos nos milênios,
revelações sagradas que sustêm a força da Civilização humana sob o aspecto da Crença.
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