terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A distorção do dinheiro


O que, nos princípios das eras, apenas simbolizava as trocas dos bens físicos passou a dominar o mundo. Pelo dinheiro pessoas matam e morrem. Vendem  honras, dignidade, família; o crédito, a paz, a alma... Andam girando no turbilhão metálico das histórias tortas, na lama do pouco pudor ético. Usam os outros e acham meios de impor instintos com as transações monetárias. Prevalece a fome do ouro acima de tudo, nas sociedades contemporâneas. Apostam na fama fácil, nos prazeres vulgares, guerras fratricidas, mercados do vício e da infelicidade alheia, em nome da prevalência dos interesses particulares.

Dramas atrozes sujeitam as ações escandalosas nos vários ramos da aventura coletiva do dinheiro. Flutuações das bolsas de valores sacodem países e existências, sob o poder de fogo dos acionistas ferozes, presas fixas nas conquistas, lobos sanguinários e perversos que avançam sobre as presas diárias, longe de quaisquer princípios humanitários ou religiosos.

Aquele símbolo de permuta de riqueza dominou a civilização envilecida na trama dos estados embrutecidos de ganância. A invenção que parecia inteligente e necessária virou pedra de tropeço de multidões e hábitos permitidos, legalizados.

A mesma política desenvolvida para administrar as sociedades pariu monstros deformados, corruptos quais faustos de índoles vadias, transformando metal precioso em metal vulgar, num abrir e fechar de mãos. Espécies de personagens adversas do trilho do progresso humano, frívolas sombras das trevas arrastam consigo a sina da perdição.

Antes, a moeda só permanecia em bancos ou nos ourives, visando preservar e conservar depósitos. Agora, no entanto, cartões plásticos a conduzem com extrema facilidade, multiplicando seu efeito e circulação.

Já as narrativas bíblicas reservam momento da vida de Jesus quando lhe consultam quanto ao pagamento dos impostos, ao que responde: Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus, referência perfeita aos mundos material e espiritual, e a prioridade desta vida. Ao dinheiro, os padrões terrenos. Aos conceitos eternos, a leveza das infinitas virtudes.

E a instituição material do dinheiro, que deverá promover a Salvação dos seres espirituais, sujeita anular, a grosso modo, ótima oportunidade evolutiva da espécie humana. 

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