O que, nos princípios
das eras, apenas simbolizava as trocas dos bens físicos passou a dominar o
mundo. Pelo dinheiro pessoas matam e morrem. Vendem honras, dignidade, família; o crédito, a paz,
a alma... Andam girando no turbilhão metálico das histórias tortas, na lama do
pouco pudor ético. Usam os outros e acham meios de impor instintos com as
transações monetárias. Prevalece a fome do ouro acima de tudo, nas sociedades
contemporâneas. Apostam na fama fácil, nos prazeres vulgares, guerras fratricidas,
mercados do vício e da infelicidade alheia, em nome da prevalência dos
interesses particulares.
Dramas atrozes sujeitam
as ações escandalosas nos vários ramos da aventura coletiva do dinheiro. Flutuações
das bolsas de valores sacodem países e existências, sob o poder de fogo dos
acionistas ferozes, presas fixas nas conquistas, lobos sanguinários e perversos
que avançam sobre as presas diárias, longe de quaisquer princípios humanitários
ou religiosos.
Aquele símbolo de
permuta de riqueza dominou a civilização envilecida na trama dos estados
embrutecidos de ganância. A invenção que parecia inteligente e necessária virou
pedra de tropeço de multidões e hábitos permitidos, legalizados.
A mesma política
desenvolvida para administrar as sociedades pariu monstros deformados, corruptos
quais faustos de índoles vadias, transformando metal precioso em metal vulgar,
num abrir e fechar de mãos. Espécies de personagens adversas do trilho do
progresso humano, frívolas sombras das trevas arrastam consigo a sina da
perdição.
Antes, a moeda só permanecia
em bancos ou nos ourives, visando preservar e conservar depósitos. Agora, no
entanto, cartões plásticos a conduzem com extrema facilidade, multiplicando seu
efeito e circulação.
Já as narrativas
bíblicas reservam momento da vida de Jesus quando lhe consultam quanto ao
pagamento dos impostos, ao que responde: Daí
a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus, referência perfeita aos
mundos material e espiritual, e a prioridade desta vida. Ao dinheiro, os padrões
terrenos. Aos conceitos eternos, a leveza das infinitas virtudes.
E a instituição
material do dinheiro, que deverá promover a Salvação dos seres espirituais, sujeita
anular, a grosso modo, ótima oportunidade evolutiva da espécie humana.
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