sexta-feira, 1 de junho de 2018

A rainha do Cine Roma

Neste mês de maio, vim de conhecer em Crato duas pessoas que me trouxeram bons momentos de convivência e renovação, Alejando Reyes e Luciana Accioly. Ambos dotados de força e ânimo diante das circunstâncias deste momento histórico,  propiciaram reflexões de ordem espiritual e nova disposição de viver e alimentar esperanças nas pessoas humanas. Ele, um escritor mexicano, autor de contos e do romance A rainha do Cine Roma, e que viveu durante nove anos entre Rio de Janeiro e Salvador junto dos bolsões marginais dessas cidades. Ela, jornalista e pesquisadora acadêmica no âmbito da cultura e da sociedade, baiana de nascimento, inteligente e culta.

O livro que citamos no título deste comentário, que pretendemos venha a lançá-lo no Cariri ainda este ano, retrata de forma exponencial a vida dos moradores de rua da Capital da Bahia sob a ótica subjetiva de uma jovem e personagem,  drama legítimo do que isso significa, de força surpreendente e numa linguagem espontânea. Alejando retrata a crueza das populações largadas à sarjeta e joguetes da sorte adversa, qual testemunha consciente das limitações praticadas de o homem até hoje não ter a força de solucionar seus próprios furores e males. Segue os passos dos adolescentes largados nos vícios, na promiscuidade, na ingratidão de valores atirados ao lixo e criaturas vítimas de mundo dantesco, adverso. Autor de qualidades exemplares, em uma realização de tocar corações mais endurecidos, faz o roteiro sentimental das dores e práticas correntes naquele universo ingrato da civilização urbana impiedosa, indiferente. 

Esses amigos vieram ao Cariri cearense na intenção de conhecer a memoria do movimento messiânico aqui verificado no Caldeirão do Beato Zé Lourenço. Em seguida, viajaram às localidades baianas de Pau de Colher e Canudos, aonde entrevistam pessoas e recolhem o que perdura das notícias e e dos documentos. Argutos, esclarecidos, analisam alternativas as implicações civilizatórias registradas nos grupamentos que experimentaram meios outros de coexistência, no desafio dos séculos da imperfeição e busca das realizações coletivas.

Alejandro Reys é natural da cidade do México, jornalista e escritor. Viveu nos Estados Unidos e na França; mestre em Estudos Latino-Americanos pela Universidade da Califórnia e doutor em Literatura Latino-Americana, cuja tese enfoca a literatura marginal. Escreve em órgãos alternativos que abordam movimentos sociais no México e nos Estados Unidos. Entre outras obras suas merecem destaque também Vidas de rua e Contos mexicanos. Organizou a antologia Vozes dos porões, de autores da literatura periférica/marginal do Brasil, referência básica aos professores e estudiosos do segmento, nas universidades brasileiras. 

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