sexta-feira, 19 de maio de 2017

Olhos do destino

São largas, bem largas, essas ondas que a tudo dominam, revelações constantes dos acontecimentos. Sementes que nascem, dias crescem por entre os dedos das horas e os momentos vêm e vão feitos fragmentos que, unidos a único feixe, ponteiam o caminhar de todos os seres. Alguns, os humanos, demonstram quase saber que vivem assim pouco caso fazendo diante dos impasses do Senhor do destino. Deixam fluir as atitudes que produzem quase largando ao léu da sorte o direito de viver e a sabedoria imensa que organiza e equilibra.

Raras pessoas notam que desempenham papéis de valia e abandonam o gosto de querer com amor os ditames e as oportunidades. Gostam de render homenagem ao pouco caso e ferem de morte a existência livre. Vivem jogados às roletas dos perdidos. Bem que, no entanto, será diferente à medida que aceitar o prazer da liberdade. Entregar aos sopros dos ventos e marés viver a vertigem dos resultados em movimento. Querem, outrossim, achar que sobram nas curvas do acaso, quando nem isso existe, o acaso, mera insuficiência da imaginação, cobre o sonho.

A perfeição absoluta, segundo Platão, existe tão só no mundo das ideias, lá contudo existem, nesse mundo necessário dos sonhos em carne viva, o padrão universal do absoluto perfeito, reino de luz e perfeição. Guardá-lo consigo cabe a nós seres meio pensantes. Trazer a dentro, permitir mergulhos siderais nas nuvens suaves do coração do poder e da felicidade. Permitir, enfim, despertar o íntimo nas possibilidades infinitas.

E fugir de ficar preso aos caprichos da mediocridade sem cair na solidão fantasmagórica dos medos ocultos e das culpas que carrega. Alimentar o valor supremo da glória e dos amores imortais, e vivê-los intensamente. Bem nessas horas vazias, em luzes multicoloridas brilha o Sol das almas no seio de Si próprio. Acorda, então!...  

(Ilustração: Camille Pissarro).

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