terça-feira, 20 de outubro de 2015

Livro de João Calixto quanto ao ataque de Quinco Vasques

Quando vencido pela mãe, Fideralina Augusto Lima, e pelo irmão, Gustavo, Honório Augusto Lima se retiraria de Lavras da Mangabeira e guardaria refúgio na Serra de São Pedro, no município de igual nome, fronteiro e próximo. Havia ali também familiares seus. Honório fora apeado da Intendência da sua terra por força das armas e pelo poder de mando da genitora, que resolvera apor em seu lugar o Coronel Gustavo. Isto se dera a 26 de novembro de 1907.


Menos de três anos depois, logo no dia 07 de abril de 1910, Lavras ver-se-ia atacada de inopino por Joaquim Vasques Landim (Quinco Vasques), de tradicional família de Aurora, outro município vizinho, que agiu no comando de tropa de cangaceiros.  

Apesar dos raros registros que circunstanciem a ocorrência, jornais da época, dentre esses O Rebate, periódico que circulou no Cariri entre julho de 1909 e setembro de 1911, ainda assim o escritor João Tavares Calixto reconstituiu as cenas da época e lançou, recentemente, o livro Considerações sobre a invasão a Lavras – 1910, a reunir versões correntes dos acontecimentos. Dentre as cogitações consignadas, relativas ao atentado, dada a forte resistência dos lavrenses,  seria contido o instinto belicoso de Quinco Vasques, obrigando-o a bater em retirada, com isto consolidando sobremodo o poder de Gustavo. Dali, Honório liquidaria de vez seus negócios no Cariri e seguiria a Fortaleza, onde fixou residência e viveu até 03 de dezembro de 1938.

Os detalhes recolhidos através da pesquisa e as consequências da ação atentatória constam do trabalho de João Calixto, que, inclusive, manuseou os autos de inquérito da ação resultante, e avaliou depoimentos do próprio Quinco Vasques e testemunhas arroladas. Segundo o historiógrafo, esse episódio configurou-se como um dos de maior repercussão no cenário coronelístico do Nordeste do Brasil, à época, não só pela tentativa de deposição, propriamente, mas pela audácia na violação da predominância política estabelecida pela matrona Fideralina e o clã dos Augustos.

A história carecerá sempre de autores honestos, que a preservem e transmitam às gerações os acontecimentos, o que exige critério, rigor de pesquisa e coerência com os textos que os contenham. Neste tempo atual, o Sertão apresenta nomes expressivos do importante ofício. Autores de quarta e quinta gerações exercitam o gosto pelos estudos e demonstram nítida preocupação com as narrativas, documentando com zelo as ocorrências que marcaram o passado. 

Dentre tais estudiosos desta fase, João Tavares Calixto Junior apresenta o dedicação e o talento a isto necessários, sob estilo correto e competente.

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