quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A verdade não televisiva

Quando viram a multidão vagando de barco pelo Mar Mediterrâneo em corrida desesperada nas praias da Europa a busca dos meios de sobreviver, chegar à Inglaterra através da Hungria e de outras repúblicas próximas, receber asilo da Alemanha, da França, eles sentiram que o problema lhes diz respeito diretamente. Os fugitivos da guerra na Síria, pessoas tão civilizadas quanto qualquer um ocidental mediano, trajados nos talhes desta parte de mundo, que o domina nossos hábitos e praticam a propalada civilização, viram a profundidade dos acontecimentos. 


Daí, cuidaram em montar as conferências que resolvem ou amenizam o assunto das guerras. Superpotências esquadrinharam a história, consideraram a peleja que já matou dezenas de milhares e parece marchar a um impasse internacional, resolveram defrontar as contradições do governo de Bashar al-Assad, apoiado pelos russos e combatido por grupos assistidos pelos americanos.

Naquele fogo travado, surgira o Estado Islâmico, milícia armada que expande sucessivas zonas de influências e desorganiza a sociedade civil, gerando as levas de refugiados espelhadas pelos países europeus.

Diante desse quadro aterrador, as nações desenvolvidas do Ocidente estruturam represálias que reduzam a expansão do conflito. Em tese, combatem numa estratégia de bombardeiros localizados, sem o envio de tropas, alvos relativos aos rebeldes do Estado Islãmico. Esta semana, bombardeio equivocado destruíu hospital dos Médicos sem Fronteira, causando mortes também de civis. Na sequência, os russos questionam atacar o governo sírio e resolvem escolher alvos dos rebeldes que querem destituí-lo, os tais que recebem apoio dos norte-americanos. 

Na primeira semana de outubro de 2015, toneladas de bombas atingem os redutos da oposição ao governo e dos islâmicos, motivando descompasso das propostas iniciais da solução apresentada, num festim de ataques vistos à distância pela televisão, reprises dos tempos famigerados da Guerra Fria, de tão decantada superação, e as guerras da Coreia e do Vietnam.

Espécie de videogame do poder dos grandes, a sorte dos habitantes das zonas conflagradas depende só da destreza dos participantes, porquanto dessa diplomacia de eliminação em massa que Deus livre! 

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