terça-feira, 3 de março de 2015

O petróleo é nosso

Hoje quando se vê a luta da Petrobras para sobreviver diante dos tantos percalços considerados na grande mídia, no caldo da memória vêm à tona os tempos dos primeiros embates no esforço da permanência em solo pátria das riquezas brasileiras, épocas heroicas da campanha O petróleo é nosso. 

Esta frase, pronunciada pelo presidente Getúlio Vargas, ganharia corpo na Campanha do Petróleo, sob o patrocínio do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo, alimentada pelos chamados nacionalistas, até a criação vitoriosa da Petrobras. Depois se soube que o autor original da expressão fora o professor Otacílio Rainho, diretor do Colégio Vasco da Gama, Rio de Janeiro.

O decorrer dos embates pela manutenção do monopólio de nossas explorações custaria 89 anos, desde a primeira concessão para exploração do petróleo brasileiro até a criação da Petrobras, em 1953. Um dos batalhadores desta conquista honrosa foi o escritor Monteiro Lobato, que, em 20 de janeiro de 1935, na célebre Carta a Getúlio dissera com todas as letras: O assunto é extremamente sério e faz jus ao exame sereno do Presidente da República, pois que as nossas melhores jazidas de minérios já caíram em mãos estrangeiras e no passo em que as coisas vão o mesmo se dará com as terras potencialmente petrolíferas. E já hoje ninguém poderá negar isso visto que tenho uma carta em que o chefe dos serviços geológicos da Standard ingenuamente confessa tudo, e declara que a intenção dessa companhia é manter o Brasil em estado de escravização petrolífera. 

Então o Brasil atravessaria fase de sérios debates quanto à preservação dos nossos reais interesses no que tange à soberania nacional e o direito aos próprios bens naturais, bases essenciais da autonomia como Nação. 

Em 19 de agosto de 1935, Monteiro Lobato, visualizando o risco de forças externas tomarem as reservas petrolíferas, também afirmaria noutra correspondência a Getúlio: Isso constitui um crime imperdoável, além de denunciar de modo esmagador que há gente paga por estrangeiros para que o Brasil não tenha nunca o seu petróleo. Em vez de, pelas funções de seus cargos, esses homens tudo fazerem para que tenhamos petróleo, quanto antes, tudo fazem para que não o tenhamos nunca. O caso é, pois, desses que pede a imediata intervenção de homens que, como V. Excia., só têm em vista os altos interesses do País.

Naquele meio tempo, houve o confronto de entreguistas e nacionalistas, o que afloraria o movimento de consolidação da campanha na formação dos valores patrimoniais da nossa gente e razão da mais rara conquista em termos de preservação da independência no concerto mundial dos povos.

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