Ao ler, lemos a nós mesmos através da projeção da visão e identificação, nas páginas escritas, projeção dos nossos conteúdos pessoais, pensamentos, cultura, conhecimento recolhido no decorrer do tempo. Vem daí a importância inigualável da leitura como fonte reveladora do Ser, quando revemos o que dispomos acumulado em nosso interior, recordando coisas aprendidas, movimentando reservas em nós depositadas nas sombras do passado que existirá sempre na mágica indestrutível da consciência individual. Essa consciência, que junta de si nos outros, forma bloco único e eterno das coisas a se revolverem no ato de ler, as quais são denominadas de inconsciente coletivo, nada além da formulação universal dessa Luz universal da Natureza maior.
É uma moeda que revela seus dois lados em apenas um só lado
único, pois. Inexistirá divisão nesse padrão de todas as manifestações em
consonância, representadas em face única e particular, o singular do que antes
se supunha uma pluralidade infinita e múltipla. Milhares de faces de todo único
individual, indivisível. Tudo e todos em um só e único, mesma face da moeda
solitária a percorrer o cosmos em viagem sideral através das inúmeras
consciências do único formato, entre si interligado por fibras internas da
primeira essência.
Ler, portanto, percorrer a face de dentro do conhecimento em elaboração no lado
íntimo das individualidades, atualiza essências anteriores da mesma face em
novas revelações, constatação original da vez primeira em retorno às vezes
outras que se repetem no ser individual-plural, no bloco indivisível de cada
ser. Ato de procurar e encontrar a um só tempo, qual ente que desloca seu foco
de consciência através da mesma rede imperecível que nasce da fonte perene do
ser-conhecer em ação permanente.
Quando lemos, por isso lemos a nós próprios. Atualizamos causas primeiras e
consequências posteriores da elaboração de pensamentos e discernimentos,
configurando, outra vez primeira, as reações secundárias do que já foram ações
primárias, nas letras, palavras e sentidos das novas edições do ato único de
compreender que confronta a nós próprios.
Nesse processo da comunicação, as consciências se refazem muitas infinitas
vezes, pelos seus próprios atos, no mistério persistente do ser em constante
vir-a-ser, resistência, continuidade suspeitada de sobrevivência dos valores da
unicidade nas coisas que se sucedem pela essência primeira, na continuidade de
tudo em um foco perene, manifestado nas horas diversas e em imagens
fragmentadas de futuro aparente, ilusões de particularidades que resultam das
imagens únicas em movimento, porém indivisíveis, da mesma e só uma consciência
do momento presente em cada lugar do imenso si mesmo todo tempo, e em cada um
dos indivíduos atores, através dos quais se manifesta, portanto.
Nisto desvanece o princípio arcaico da multidão de subjetividades e se desvela
o conceito pleno da indivisibilidade primeira e eterna do Uno, ser causa
cáusica de tudo, Ser essencial, motor dos primeiros postulados, de quem
derivaram todas as pretensões anteriores do dois manifestado e também
existente, face dupla do Ser criador vivendo em nós, no entanto sem divisão.
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