domingo, 3 de novembro de 2024

A ratoeira


Outro dia li uma dessas histórias tradicionais que circulam pela Internet e agora resolvi recontar:

Numa fazenda, certo dia ao observar o movimento da casa, um rato notou que o patrão desembrulhava uma caixa e dela retirava possante ratoeira. De imediato, o roedor assustou-se. Estudou, então, algum modo de enviar as consequências daquele instrumento. Nisso, foi ao campo e reuniu os animais que achou, uma vaca, um carneiro e uma galinha, participando o ocorrido e sua apreensão. Mas qual não foi a surpresa ao ouvir da vaca:

- Sim, rato. Sei do que está querendo se defender. Porém isto diz respeito a você e aos seus, pois nunca entrei na casa, nem pretendo. Resolva por si.

Cabisbaixo, o camundongo, contrariado, olhou na direção do carneiro, que, despreocupado, pastava em volta. - E o senhor, Seu Carneiro, que tem a dizer.

- Hum, penso parecido com Dona Vaca, que esse assunto diz respeito a você e sua família. Nossa freguesia é outra. Dê seu jeito, por isso.

Quase fora de cogitação, fixou os olhos assustados à galinha, e esta foi dizendo:

- Penso igualzinho. A gente cuida de nós e dos nossos. Já tenho obrigações por demais todo tempo.

Bom, desfeita a reunião, o rato, triste, regressou ao seu esconderijo.

À noite, acionada que fora a tal armadilha, vem lá uma cobra peçonhenta e prende o rabo na dita ratoeira. Ferida de dor, o jeito imediato que viu foi picar a dona da casa, que dormia ali por perto.

Um transtorno geral na fazenda. Correram e chamaram um médico. Este, além das medicações de urgência, pediu que preparassem uma canja de galinha. Mais que ligeiro, pegaram a galinha no quintal e créu, feita a sopa.

No entanto só isto não resolveu, porquanto a patroa fez foi piorar, talvez por conta de alguma alergia medicamentosa. E logo dias depois o doutor pediu que providenciassem um pirão de mocotó de carneiro. Correram no chiqueiro e sacrificaram o carneiro.

Dia vai, dia vem, e a mulher não resistiu. Visto o inesperado, juntaram a família numerosa e tiveram de executar a vaca no almoço das exéquias.

O rato, de longe, apenas pode assistir o movimento, ainda lembrando de seus companheiros de jornada, sem que nada pudesse fazer.

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