O movimento das ruas fala sua própria linguagem, deixando correr pelas calçadas lendas e lendas jamais trazidas ao papel, no entanto vivas, constantes, presentes nas casas, nas gentes, em carros, motos, animais, num afã de causar alvoroço lá dentro dos que vivem esse transe de ser gente nos dias de hoje. Nisso, aonde for, seja ao sol ou nas raras manhãs encobertas de nuvens escuras, tipos exóticos hão de percorrer a paisagem enfurecida e desenhar margens a compreender uma velocidade com que passa nos dias e nas pessoas, em um tempo por demais preenchido de tantas atrações desse espetáculo sem conta, envoltas no único som da multidão silenciada, esquecida de quantos.
Puséssemos de lado o que até aqui aconteceu debaixo das empanadas desse enorme circo das cidades e ver-nos-íamos espectadores dessa mesma humanidade e que talvez a fizéssemos livres das cigarras e seu cantar alegre aos finais de tarde lá nas encostas em volta. Longos foram os tempos em que já transcorreram as multidões antes habitantes dessa massa de aventuras e o resumo de epopeias escondidas nos prédios sombrios. Às vezes, a gente para entontecido dalguma lembrança das pessoas que aqui habitaram em séculos anteriores, e qual adormecessemos de sonhos antigos, época no entanto de que sobrevivemos nalgum mistério dos que ora imperam.
Vezes sem conta, isso acontece na memória de todos esses circunstantes que ainda permanecem nas jornadas dias e dias, pedaços de si só que insistem sobreviver à custa do pensamento de quem agora ocupado noutros chãos que lhe pertence de herança. Nós, cada um desses, trocamos passos pelas noites e esquecemos as marcas largadas nos calçamentos toscos, nas lojas, nos escritórios, restaurantes, resquícios de agora que virão em seguida, apenas às costas dos segredos esquecidos. Há nisso tal intensidade a dizer tantas histórias e, queiramos ou não, seremos sempre personagens constantes das ruas e dos becos de uma cidade assim pelo mundo adiante.
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