Num apólogo exemplar, o escritor cearense Gustavo Barroso conta que viajavam por estrada desconhecida três animais bravios, um cavalo velho e dois potros fogosos. Andaram que andaram até chegar numa bifurcação de caminho onde ninguém identificou o destino a continuar.
Sem que bem soubessem qual alternativa escolher com
segurança, ali iniciaram discussão demorada em torno da via correta de levar
adiante o roteiro da jornada.
Cada potro escolhia convicta opção de um dos lados, enquanto
o cavalo velho, experiente, passado na casca do alho, reconhecia também não ter
consigo a certeza de coisa nenhuma, naquele e em tantos outros assuntos.
Aprofundava a visão no longo do horizonte e imaginava melhor jeito de
aconselhar os jovens companheiros da viagem.
Pensou que pensou e se achou disposto a não tomar partido.
Permaneceria naquele lugar, na sombra de árvore próxima, enquanto os
oponentes, provariam suas teses na prática, e aguardaria o retorno do que
tomasse o lado que fosse errado de continuar a viagem.
Assim aconteceu. Depois de horas, voltava o potro que
falhara, todo latanhado de espinhos, suado, sujo de barro, ofegante.
- Ele estava certo, - falou humilde ao se aproximar. -
Sigamos, pois, a outra perna de estrada que é o lado correto.
O cavalo velho, nessa hora, convidou o amigo a que
descansasse, e daí prosseguiriam a caminhada, sentenciando:
- Os que erram ensinam duas vezes. Uma, quando escolhem e
agem sem comprovação. Outra, ao responder pelas consequências de recomeçar a
tarefa em fracassam. Mostram como não fazer. Já quem acerta jamais passará no
mesmo lugar de onde veio, porque seguiu à certeza do objetivo que escolheu.
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