Por mais queiramos imaginar outro ser, vivemos algo assim improvisado, constante. Numa sequência de máscaras, transportamo-nos perante o Infinito. Passos, histórias mil, papeis em profusão. Decodificamos rastros nas muralhas da solidão quais entes isolados de nós mesmos, através dos momentos que passam aos nossos olhos. Eles, nós, tudo enquanto. Muitos e nenhum. Aventureiros das estrelas, mergulhadores do Destino, até produzir outras versões, o que é possível, todavia. Foram tantas luas nos nossos céus e o tempo de persistência apenas começou, início de uma dessas tardes que escorrem pelas nossas mãos. Pedaços de jornadas que se desfazem sorrateiramente, esquivos gestos de épocas distantes que viraram lembranças guardadas lá no íntimo.
Outro dia, ao ler Memórias, sonhos e reflexões, livro de Carl Jung, senti de perto as emoções de suas primeiras vivências, desde criança, a construir de novas presenças o que seria depois. Viver as impressões arraigadas na existência. Desvendar esse outro eu que veio realizar o círculo sob o que cumpre o sentido de si mesmo. Aqueles primeiros espasmos de tocar a realidade do que ora sejamos. Já escrevi algo desses instantes iniciais de mim, minhas incursões de gente na fazenda em que nasci. E perguntaria aonde foi aquele personagem original que trocou de vestimentas ao preencher outra história em andamento? Nisso, repactuamos uma nova sorte e escrevemos outros roteiros até então desconhecidos.
Bem isto a condição da criatura humana e suas interrogações. Autores de si numa produção pessoal incógnita, que, logo adiante, dependerá tão só dos seus praticados e dos frutos que houver de colher de todo o mistério que o compõe. Astutos, agressivos, lúcidos, apáticos; por vezes impávidos, sempre, porém, significantes do quanto veio, durante todo contexto em fase de elaboração.
De certeza seremos inextinguíveis e comprometidos face as ações e os alvedrios a céu aberto, no entanto.
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