Isso depois dos dois longos meses de um calor escaldante no Cariri e algo muda quase que por inteiro nas feições das matas agora refeitas de verdes e flores. Lá na alvura do céu e no cantar intenso dos sabiás, dentro, circula esse mar de avaliações, pensamentos que contorcem a pedir respostas. Tempos de inúmeras facetas, dimensão do que circula pelos ares na forma de notícias, sinais eletrônicos, possibilidades... Nunca será de uma primeira vez aquilo que gente conhecer, mesmo considerando as experiências acumuladas. Antes eram só as histórias contadas em volta das fogueiras, nos alpendres sombreados pelas noites, nas salas dos teatros, cinemas. Agora chegam às pressas dos equipamentos eletrônicos e saturam o gosto de vivenciar das multidões.
E as lembranças persistem a trazer de volta as tantas horas
nas quais fomos, talvez, essa mesma pessoa que hoje quer ser e ainda não
desvendou em que sentido. Uma busca incessante de continuar perante as ocasiões que passam aos
olhos da mente numa velocidade constante. Num menos esperar e os acampamentos
são desfeitos aos nossos olhos, livres quais gostaríamos de haver sido.
As palavras pedem, pois, espaço entre os sentimentos e falam o que bem querem, longe que sejam da nossa vontade. Escolhem no meio de quantos olhares apenas algumas migalhas da realidade esquisita que acontece em torno, marcas e cicatrizes das situações inevitáveis que tem a existência. Colam restos de paisagens, fios enganchados de velhas roupas que alimentaram o prazer e ficaram escondidas no coração dos momentos.
Disfarces dessa memória insistem permanecer, ainda que fugidios, lampejos nítidos de livros, canções, abraços entranhados no próprio ser, exóticos que o somos. Enquanto a trilha sonora do Tempo toca leve as lâminas reluzentes das nuvens que molham o chão. Nada seríamos não fosse a lucidez da solidão misteriosa que traz os primeiros grãos de consciência e, nisso, acalma em tudo o que desde sempre desejamos.
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