Oportunidades assim demonstram o quanto bem poderia ser diferente o arcabouço da literatura neste País, não fôssemos o que somos, distantes do que gostaríamos de haver sido no concerto das nações civilizadas, houvéssemos tomado o caminho da justiça social e do sentido culto.
Lembrei tempos atrás, quando preparava os originais do meu segundo livro, Noites de Lua Cheia, e recebi a visita de um amigo que mora na Itália. Ele demonstrou entusiasmo de saber que em breve eu estaria com a aquela edição nas livrarias, pois imaginava que no Brasil funcionasse qual no país donde vinha, só bastando o autor aprontar a obra que as editoras de pronto cuidariam de publicá-la e lançar ao público. Surpresa sua foi saber do sacrifício de alguém lançar um livro aqui nesta parte do mundo.
Fruto de horas e horas de trabalho e dedicação, os originais dos contos de Josias Ribeiro de Barcellos bem que demonstram o quanto escrever, nos lugares subdesenvolvidos, significa. Já ciente da impossibilidade viral que domina a cultura brasileira, na apresentação do próprio texto ele já trata de afirmar: Aos meus familiares deixo estas singelas histórias, que são uma espécie de registro de uma época vivida por mim. Diria que meu desejo é que passassem de netos para bisnetos...
De certeza, dada a qualidade editorial de ficção que domina, da correção e da facilidade com que elabora o que produz, haveria de chegar ao leitor de forma justa, merecedora dos autores e suas realizações, isto vivêssemos longe de grandes limitações, em universo menos medíocre e mais consciencioso.
Eis o resumo do que avaliei no manuseio desse trabalho que ora me veio, no intuito de apreciá-lo. De parabéns o seu criador, solitário no ato de contribuir à nossa esperançosa literatura.
(Ilustração: Hieronymus Bosch).
Escrever é trocar a roupa da alma. É falar dos sentimentos que trazemos guardadados em no coração e que não temos como mostrar ao mundo, tantos valores, pensamentos e ideias que trazemos guardados e que por um ou outro motivo não podemos estravasar. E é uma oportunidade para abrir o coração e deixar sair todas as frases pensadas e não faladas.
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