sexta-feira, 7 de julho de 2017

Aos escritores desconhecidos

Hoje me chegaram às mãos, mandados por Nadir Duarte Pinheiro, desde Rio Novo MG, os originais do livro inédito Histórias que restaram, de Josias R. Barcellos. São nove contos de gêneros diversos, desde fragmentos memorialistas, ficções históricas e científicas, dramas urbanos e de costumes, numa miscelânea digna de publicação, reflexos de autoria bem cuidada e executada com esmero, a nível de escritor vocacionado e caprichoso. 


Oportunidades assim demonstram o quanto bem poderia ser diferente o arcabouço da literatura neste País, não fôssemos o que somos, distantes do que gostaríamos de haver sido no concerto das nações civilizadas, houvéssemos tomado o caminho da justiça social e do sentido culto. 

Lembrei tempos atrás, quando preparava os originais do meu segundo livro, Noites de Lua Cheia, e recebi a visita de um amigo que mora na Itália. Ele demonstrou entusiasmo de saber que em breve eu estaria com a aquela edição nas livrarias, pois imaginava que no Brasil funcionasse qual no país donde vinha, só bastando o autor aprontar a obra que as editoras de pronto cuidariam de publicá-la e lançar ao público. Surpresa sua foi saber do sacrifício de alguém lançar um livro aqui nesta parte do mundo.

Fruto de horas e horas de trabalho e dedicação, os originais dos contos de Josias Ribeiro de Barcellos bem que demonstram o quanto escrever, nos lugares subdesenvolvidos, significa. Já ciente da impossibilidade viral que domina a cultura brasileira, na apresentação do próprio texto ele já trata de afirmar: Aos meus familiares deixo estas singelas histórias, que são uma espécie de registro de uma época vivida por mim. Diria que meu desejo é que passassem de netos para bisnetos...

De certeza, dada a qualidade editorial de ficção que domina, da correção e da facilidade com que elabora o que produz, haveria de chegar ao leitor de forma justa, merecedora dos autores e suas realizações, isto vivêssemos longe de grandes limitações, em universo menos medíocre e mais consciencioso. 

Eis o resumo do que avaliei no manuseio desse trabalho que ora me veio, no intuito de apreciá-lo. De parabéns o seu criador, solitário no ato de contribuir à nossa esperançosa literatura.

(Ilustração: Hieronymus Bosch).

Um comentário:

  1. Escrever é trocar a roupa da alma. É falar dos sentimentos que trazemos guardadados em no coração e que não temos como mostrar ao mundo, tantos valores, pensamentos e ideias que trazemos guardados e que por um ou outro motivo não podemos estravasar. E é uma oportunidade para abrir o coração e deixar sair todas as frases pensadas e não faladas.

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