segunda-feira, 17 de julho de 2017

Heróis da honestidade

Diz o sábio chinês Lao-tsé, em O livro do caminho perfeito, que quando o reino está em harmonia, com os súditos vivendo na ordem, zelando pelos seus afazeres, ninguém nem sabe quem é o Príncipe. Porquanto são outras as ocupações diárias, outros os compromissos de trabalho, de família, de folguedos. No entanto haja descompasso, e tudo indicará destino ao trono e suas artimanhas internas.


Muitas horas, as intrigas palacianas surgem das ânsias do poder, da desorganização social e da ambição de aventureiros inescrupulosos. Fazem da política razão de investimentos financeiros, degraus de dominação das massas e ostentação das vaidades humanas. Há estruturas montadas em cima de leis seculares, determinações de contribuição ao enriquecimento, formas rígidas de controle das populações, que enfraquecem nas bases comunitárias e distanciam mais e mais governantes de governados. 

Disso as graves indagações dos tempos de como preservar a ordem pública e satisfazer as carências dos países sem ferir a Ética. Novas castas invadiram as instâncias de poder através das instituições, e jamais imaginam, nem de longe, largar o osso das benesses, vindas desde longe, das outras gerações. Nalguns casos, a partir do período colonial. E com isso a força do povo perde em capacidade e determinação de preservar seus reais valores. O reino submete os súditos a caprichos e fúrias, contido esse através da elite privilegiada nas camarinhas das administrações.

Eis o diagnóstico tão velho quanto os piores resumos de períodos históricos idênticos. Falcatruas. Desmandos. Demagogia. Extravagâncias. Injustiças. Clamor maior também nas famílias, que penam sob o peso da responsabilidade que lhes é repassada na Lei soberana, em farsa aparentemente democrática, contudo descomunal. 

Porém, a que o barco siga seu curso, persiste a disposição constante daqueles heróis da sobrevivência que, a ferro e fogo, resistem às normas das épocas, na troca de sonhar com os dias melhores que haverão de vir. Que depois das tempestades vêm as brisas suaves que ensinam as lições. São justos, honestos, trabalhadores, movidos pela coragem que alimentam no amor da Verdade original. 

(Ilustração de Pieter Bruegel, o Velho, A dança dos camponeses).

Um comentário:

  1. Honestidade está em todos os níveis! Político,, empresarial. Profissional e nas relações sociais. As pessoas não deveriam virar tartarugas, criando carapaças para defender -se quando seria mais pratico e fácil a transparência. Mas isto é uma atitude para poucos, ou fogem, ou corrompo-me-se de alguma forma , por medo , fraqueza da sinceridade , o que seria muito mais fácil edigno.. mas não é o que acontece, infelizmente.

    ResponderExcluir