Quando ouço rumores de guerra vindos de longe, algo mexe por dentro da velha casa desses enormes trapos escondidos debaixo da sombra dos egos vadios, vaidosos. Tremem dores arcaicas do passado que ainda transporto de lodo infame. Mortalhas abandonadas a monturos fétidos, na trama dos dominadores. Aqueles eus que ainda sobrevivem às duras penas do presente, nada mais que visagens de mim. Portos vazios de naus fantasmas e tramas inconfessáveis. Bem ali, no território do abismo, vejo aonde as paralelas do medo e da culpa um dia marcariam encontro fortuito e nele desaparecerão esgotadas de prazer e pranto.
Que humanidade esta, onde ainda falam sorrindo das guerras no Nascente, pobres criaturas de dramas mal sucedidos. Quem de si terá direito a indicar os responsáveis senão a si mesmo? Quem dormirá diante das ameaças humanas e comandos em festa, no furor das contradições, sanguinários algozes do furor? Quem, ninguém de sã consciência, desviará o dedo acusador dos tribunais e destinos que insistem na ganância e nos interesses inconfessáveis.
Quais sombras um do outro, medo e culpa, marcaram, pois, esse tal encontro no finito da miséria, porém conspiradores confessos de infiéis, e dopados descem ao cais da perdição. Enquanto aqui em nós impera o sonho do perfeito, que busca o caminho do Sol, a vontade mórbida atiça o passado em brasa e foge agoniada pelas brumas, e deixam de fora as cogitações do amor e do arrependimento dos pecados antigos. Feitos salteadores das florestas mais escuras, somos esses que baixamos, certa vez, a cabeça ao erro e doamos carne aos abutres. De garras afiadas, só então colheremos dos nossos jardins as sementes que levarão ao Céu. Então, Pai, perdoai, por não sabermos o que fizemos por desobediência. Ensina-nos, agora, a viver com sabedoria e fé os passos que nos restam seguir.
A culpa é o medo caminham juntos. Não temos como fugir disso. Mas nem por isso menos glamurosos o que sentimos, e que foge ao nosso controle certos devaneios. Acontece, acontece...
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