Instado pelo genitor, certo dia precisou ir à frente de combate levando suprimentos para os irmãos, acantonados numa das encostas do Vale de Elá sob o comando de Saul, rei dos judeus.
Ao se aproximar das tropas, Davi presenciou, no lado filisteu, cena que lhe causaria profundo espanto: Guerreiro inimigo, homenzarrão de avançada estatura, em torno de dois metros e noventa centímetros de tamanho, deblaterava agressivamente num desafio aos israelitas, chamando-os a combate individual. O gigante deitava e rolava nas ameaças. Armado até os dentes, capacete, couraça e caneleiras de bronze, só a ponta da lança pesava mais de sete quilos, afirmava que quem vencesse o combate escravizaria o exército adversário. Era Golias, procedente da província de Gate, homem aparentemente invencível, deixando reféns os israelitas, nisto há mais de mês a oferecer tantas bravatas, que todos ouviam silenciosos.
Ao considerar aquilo, Davi estarreceu. Que figurão o tal gigante, a por no chão a força reconhecida e soberana do exército do Deus dos Céus?! A avaliação lhe calou fundo pelas entranhas. O que estaria acontecendo a causar tamanha covardia nos guerreiros invictos do seu querido povo? Muitas e tantas cogitações feriram a consciência, inconsolável face ao que presenciava. Ninguém do povo de Israel a oferecer qualquer resistência.
Nisso, de pronto, Davi resolveria defrontar o petulante algoz, levando ao conhecimento do Rei a disposição, para espanto de todos, desde os próprios irmãos, que quiseram demovê-lo do intento suicida.
Chegou a experimentar os elmos metálicos comuns à tropa, contudo nele de impossível utilização, dado o corpo franzino. Decidiu ir ao combate usando apenas as armas com que pastoreava os rebanhos, uma atiradeira e seixos de pedras de vencer leões, ursos, lobos e raposas no campo.
A primeira reação de Golias foi de surpresa e ironia, pela fragilidade do opositor. Samuel assim descreve o embate cruel: Quando o filisteu começou a vir na direção de Davi, este correu para a linha de batalha para enfrentá-lo.
Tirando uma pedra de seu alforje, arremessou-a com a atiradeira e atingiu o filisteu na testa, de tal modo que ela ficou encravada, e ele caiu, dando com o rosto no chão.
Assim Davi venceu o filisteu com uma atiradeira e uma pedra; sem espada na mão, derrubou o filisteu e o matou.
Davi correu, pôs os pés sobre ele, e, desembainhando a espada do filisteu, acabou de matá-lo, cortando-lhe a cabeça com ela.
Naquela ocasião, nasceu o mito do Rei Davi, posteriormente sucessor de Saul e lá adiante pai do tão prestimoso Rei Salomão.
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