sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Construir os castelos pelo ar

Seja quente ou frio, porque morno eu vomito – Paulo de Tarso.

As horas vivas desse mundo onde tantos passam, ou escorregam, ou fogem, na maior sem cerimônia, eles que, por vezes, ainda têm a petulância de reclamar que o tempo está assim ou doutro jeito, essas horas que simbolizam a oportunidade rara, nua e crua, de marcar presença do ser em chão de barro, de escrever a história ou desocupar o beco às novas gerações. Há, por isso, um passo a ser dado no sequenciar das horas. O que faremos do que nos deixam fazer, nas palavras de Jean-Paul Sartre. Criar a nossa própria essência perante a existência, uma vez possuirmos tal condição de recriar a consciência no território neutro, breve e estreito das multidões.

Contudo independe das escolhas políticas ou religiosas laborar o ideal particular em meio aos limites impostos...

A viagem reclama frieza suficiente de usufruir da liberdade intensa que pulsa em nossas veias, naves essas que partirão todo momento na busca do mistério. Diversas ocasiões, e o trilho rasgará o infinito das eras a nossos pés, mares monumentais das possibilidades que indicam visões do paraíso logo ali adiante... Nunca antes visto, o minuto seguinte depositará fortunas de sonhos em forma de flores que abrem cavernas a toda manhã no peito de aço das criaturas humanas.

Indivíduos pagam o preço de merecer a responsabilidade definitiva de conter em si a eternidade, a loteria dos mágicos em fúria. Sempre além das cortinas sobrarão os ventos e vagarão as caravelas do depois. Nós, navegantes aprendizes, zarparemos de cada porto, autores das luzes que iluminarão a história.

Bom, querer contar através de pequenos detalhes a cena interior resulta no direito libertário de colar as peças desse jogo da fala. Convidar outras memórias a trabalhar o destino em painéis mentais que identificarão o futuro das aventuras pessoais no seio das coletividades. Qual a sua participação no exercício de trabalhar a certeza?

(Foto: Jackson Bola Bantim).

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