Quem viaja pela Rodovia Padre Cícero, no percurso entre Orós e Solonópole, passa dentro de uma localidade denominada Nova Floresta, lugar simples do interior cearense, distrito de Jaguaribe. Espécie de monumento aos passos iniciais das aglomerações sociais, nesse tempo de progresso fabricado, comigo acontece de rever, nas poucas ruas e alguns prédios da povoação, os indícios do passado distante, na calma, no ritmo dali. Igrejinha bonita, bem cuidada, pessoas sentadas nas calçadas em certas horas do dia, animais pastando pela praça, pequenos estabelecimentos comerciais, calçamento tosco, enquanto atravessamos indiferentes aos movimentos da população dedicada aos afazeres. Espécie de reflexão, nessas oportunidades, mexe por dentro, querendo lembrar o quanto se perdeu em qualidade diante daquilo que classificam civilização.
Enquanto meios ampliaram a expectativa de vida, destruíram a originalidade, o charme do bom viver da gente. Impuseram condições rigorosas de suportar o preço alto da sobrevivência. Dotaram o sistema dominante do direito de enquadrar o cidadão na vala comum dos frios números das estatísticas e balanços. E com isso fomos perdendo de éticos e estéticos a troco de pagar o custo da história.
As metrópoles, também bonitas, deixaram de lado as feições produzidas em ferro e cimento aos automóveis delirantes e janelas televisivas atrasadas, na rotina em que se transformaram os elementos. Ainda que sejam dignas de belas apreciações turísticas, representam as cidades atuais atividade arriscada, por conta do pouco ou nenhum espaço existente da relação criaturas e criadores.
Na dualidade do bucólico e da tecnocracia resta ao indivíduo mergulhar a consciência e descobrir padrões renovados, construção plena das possibilidades no Eu maior, o que os mestres revelam no âmbito das dimensões pessoais.
Sei que o belo sempre existirá, aqui, hoje, ou nalgum nível e percepção, conquanto a perfeição represente poder e continuação. Cabe, porém, habitar o território amplo do conhecimento interior.
Em relação ao que dissemos das minhas idas e vidas a Fortaleza pela Rodovia Padre Cícero, fotografei a igrejinha de Nova Floresta, com respeito ao carinho dos seus habitantes tratarem a devoção religiosa.
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