Quando saia de sua casa, certa manhã, Rui Barbosa foi abordado por alguém a lhe pedir orientação a respeito de processo que transcorria numa comarca do interior baiano.
- Muito bem, posso atender ao amigo - respondeu o jurista, pedindo, no entanto, que o interessado voltasse noutra ocasião, posto, naquela hora, dirigir-se ao fórum para participar de audiência e não dispor do tempo necessário de estudar o assunto, etc. e tal. - Careço de ouvi as particularidades da matéria, para, só então, tecer os meus comentários – quis concluiu.
- Mas, seu Rui, todo mundo sabe da sua indiscutível capacidade - retrucou o homem, demonstrando meia contrariedade pela demora que teria de aceitar. - Em poucos minutos responde aquilo que preciso, escrevendo até na perna, numa ponta de papel, e vai demonstrar proveito, sei disso, visto fazer perfeito tudo que faz. Quem há de questionar a sua conhecida competência?
Sem pretender alongar a conversa, Rui sorriu e disse com seriedade:
- Por isso mesmo, velho amigo, adquiri essa fama de fazer bem feito o que me é dado fazer. Porque eu paro, examino em profundidade os assuntos que estudo e construo as minhas interpretações. E o povo diz com absoluta propriedade que a pressa é inimiga da perfeição.
...
Neste mundo de meu Deus, diante da velocidade provisória dos formigueiros humanos, as cidades contemporâneas, o imediatismo predomina e reduz a força da concentração, dificultando resultados melhores, nos propósitos individuais.
O anzol do oportunismo, com facilidade aparente, desmonta as preocupações dos que buscam o sentido da exatidão. Por tais motivos, a criatividade perdeu espaço precioso no ritmo acelerado das máquinas.
Interessa sobremaneira aos competidores o lucro, a multiplicação, invés de coerência e harmonia, porquanto as cifras dominaram a hegemonia da vontade, no placar entre quantidade versus qualidade.
Poucos desejam levar em conta os preceitos da formulação correta dos propósitos, e a invenção mal cozinhada ocupa o lugar do mérito e dos inventores.
Existem agora ciências originárias das próprias máquinas, que passaram a desvendar mistérios antes desconsiderados. A título de exemplo, observar a neurolingüística, que desperta reais possibilidades de se programar a mente das criaturas do modo que se faz nos computadores.
Nessas divagações, por via do que pensavam os profetas da sociedade mecânica, chega-se ao mundo robotizado e das coisas dependentes de meios artificiais, na realização do que prevenira a ficção, demonstração cabal do que acontecer soberbo nas grandes cidades contemporâneas.
Numa oportunidade, indagaram de Thomaz Edison quais razões do seu talento e dos tantos produtos que dele fizeram o maior dos inventores, ao que respondeu: - Cinco por cento vem da inspiração. Noventa e cinco, da transpiração.
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