O Velho Índio ansiava que dias fartos retornassem à aldeia, minorando as dificuldades, contudo, quando menos imaginou, sua pequena Rosinha adoeceria. Quase que de fome, a filha querida caíra prostrada, ainda que diante dos largos esforços a movimentar todos da raça, porém insuficientes, inúteis. Sem possibilidade orgânica de atravessar a seca que grassava e tudo destruía, a filhinha sucumbiria à febre intensa, numa triste madrugada.
Dia seguinte, escolheriam lugar no meio da mata a fim de depositar o pequeno corpo sem vida, no meio dos arbustos secos pela ausência das chuvas dadivosas. Nisso, demoraria pouco a vir as primeiras moções, alagando baixadas, inundando os igarapés e ativando de verde luminoso as matas. No ponto exato que tinham depositado o corpinho inerte da menina, bem ali no espaço sobre a cova dela, brotaria uma vegetação diferente das constantes em volta. Os guerreiros observaram aquilo, aquela planta, e resolveram arrancar o caule e olhar as raízes. Rosados tubérculos retirados do chão logo lembraram as pernas da criança.
Enquanto isso, por sua vez, o pai se abatera muito, não mais reagiria à perda de sua filha adotada, indo, lá um dia, ao extremo de pedir aos demais guerreiros que lhe arrastassem o corpo mata adentro sem dó nem piedade, até que também deixasse de viver. No entanto fizera com eu eles prometessem depositar seus restos mortais próximo à sepultura da filha, fonte de toda angústia e do desencanto que amargurava.
Demoraram alguns dias depois da morte do Velho Índio, naquele mesmo inverno, de onde lhe haviam depositado o corpo sob o solo surgiria uma planta exótica, taluda, esbelta, que os habitantes da tribo chamariam de milho.
-E tudo, desde então, ficaria bem melhor no mundo misterioso da floresta em que moravam os índios.
Obs.: História que ouvi de Maria Gisleide Martiniano, que, por sua vez, ouviu do seu pai.
Nenhum comentário:
Postar um comentário