terça-feira, 6 de agosto de 2013

A Empresa Gráfica Ltda.

Na segunda metade dos anos 60, houve em Crato movimento editorial que receberia o apoio da Diocese por meio de uma gráfica que funcionava defronte ao Palácio do Bispo, na Rua Dom Quintino, centro da cidade. Equipada com máquinas de segunda mão adquiridas com recursos provenientes de católicos da Alemanha, a Empresa Gráfica Ltda. publicava semanalmente o jornal A Ação, da própria diocese, e editava livros e outros jornais, dentre eles alguns órgãos estudantis, a exemplo do jornal Vanguarda, pertencente aos alunos do Colégio São João Bosco, jovens amantes das letras adiante ligados às artes e literatura brasileiras, Tiago e Flamínio Araripe, Sávio Pinheiro, Assis de Souza Lima, José Esmeraldo Gonçalves, Josimar Lionel, José Flávio Vieira, esses os de que agora me vêm à lembrança.

Juntamente com Padre José Honor, Antônio Vicelmo, Armando Rafael, Pedro Antônio, Huberto Cabral, Orlando Moura, Huberto Tavares, Aglézio de Brito, Wilson Duarte, José Matos de Mesquita, Everardo Monteiro, eu passava horas e horas entre o jornal, que funcionava no mesmo prédio, e as oficinas da gráfica, às vezes auxiliando nos trabalhos da rotina, encadernação dos livros e dobragem dos jornais.
Presenciei a confecção dos livros Roza Guede, de José Hélder França (Dedé de Zeba); História do Cariri, em quatro volumes, de J. de Figueiredo Filho; Crato Jovem 1968, antologia de vários autores ligados ao jornal Vanguarda; e edições da revista Itaytera, do Instituto Cultural do Cariri; esses os quais chegam à praia da memória.

Éramos quase uma confraria, vivendo as movimentações da firma no seu dia a dia. Conquistáramos a amizade dos operários, como quem, por vezes, nos intervalos do trabalho, jogávamos bola numa quadra por trás das instalações. Alguns desses amigos os recordo:  Chiquinho (Francisco Ferreira Nobre), que diagramava A Ação e, mais adiante, por longo período foi funcionário da Tipografia do Cariri, em Crato, já desaparecido; Sebastião e Ferreira, os dois lonotipistas; Carmélio e Clem, responsáveis pelas fontes manuais e titulares da montagem; Seu Chico, agora proprietário de uma banca de livros usados na Praça Almirante Alexandrino, em Juazeiro do Norte, com quem revivo aquele período valioso.

Ao deixar Crato indo trabalhar na agência do Banco do Brasil de Brejo Santo, senti deveras o afastamento do universo da heróica e produtiva redação, meu primeiro trabalho e a escola das ideias novas que nutria à época o idealismo juvenil quando construi na esperança de um mundo justo e solidário.  

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