Na segunda metade dos
anos 60, houve em Crato movimento editorial que receberia o apoio da Diocese por
meio de uma gráfica que funcionava defronte ao Palácio do Bispo, na Rua Dom
Quintino, centro da cidade. Equipada com máquinas de segunda mão adquiridas com
recursos provenientes de católicos da Alemanha, a Empresa Gráfica Ltda. publicava
semanalmente o jornal A Ação, da própria diocese, e editava livros e outros
jornais, dentre eles alguns órgãos estudantis, a exemplo do jornal Vanguarda, pertencente
aos alunos do Colégio São João Bosco, jovens amantes das letras adiante ligados
às artes e literatura brasileiras, Tiago e Flamínio Araripe, Sávio Pinheiro,
Assis de Souza Lima, José Esmeraldo Gonçalves, Josimar Lionel, José Flávio
Vieira, esses os de que agora me vêm à lembrança.
Juntamente com Padre
José Honor, Antônio Vicelmo, Armando Rafael, Pedro Antônio, Huberto Cabral, Orlando
Moura, Huberto Tavares, Aglézio de Brito, Wilson Duarte, José Matos de
Mesquita, Everardo Monteiro, eu passava horas e horas entre o jornal, que
funcionava no mesmo prédio, e as oficinas da gráfica, às vezes auxiliando nos
trabalhos da rotina, encadernação dos livros e dobragem dos jornais.
Presenciei a confecção
dos livros Roza Guede, de José Hélder
França (Dedé de Zeba); História do Cariri,
em quatro volumes, de J. de Figueiredo Filho; Crato Jovem 1968, antologia de vários autores ligados ao jornal
Vanguarda; e edições da revista Itaytera, do Instituto Cultural do Cariri;
esses os quais chegam à praia da memória.
Éramos quase uma
confraria, vivendo as movimentações da firma no seu dia a dia. Conquistáramos a
amizade dos operários, como quem, por vezes, nos intervalos do trabalho, jogávamos
bola numa quadra por trás das instalações. Alguns desses amigos os recordo: Chiquinho (Francisco Ferreira Nobre), que diagramava
A Ação e, mais adiante, por longo período foi funcionário da Tipografia do
Cariri, em Crato, já desaparecido; Sebastião e Ferreira, os dois lonotipistas;
Carmélio e Clem, responsáveis pelas fontes manuais e titulares da montagem; Seu
Chico, agora proprietário de uma banca de livros usados na Praça Almirante
Alexandrino, em Juazeiro do Norte, com quem revivo aquele período valioso.
Ao deixar Crato indo
trabalhar na agência do Banco do Brasil de Brejo Santo, senti deveras o afastamento
do universo da heróica e produtiva redação, meu primeiro trabalho e a escola das
ideias novas que nutria à época o idealismo juvenil quando construi na esperança
de um mundo justo e solidário.
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