Em certa ocasião,
envolvido pelas tempestades políticas que teve de atravessar, Abraham Lincoln
foi abordado por senador adversário, que queria impingir ponto de vista
descabido quanto a matéria em discussão:
- Senador, vamos
supor que uma vaca tenha cinco patas. Em sendo assim, indago de V. Exa.,
quantas patas tem uma vaca?
- Quatro -
respondeu de pronto o estadista americano, acrescentando: - Pois não é por se
supor que uma vaca tem cinco patas que ela passe a ter.
Situações análogas
marcam o cotidiano de quem frequenta a escola da política em todos os países.
Muitos querem que a Verdade possua a cara de sua verdade, esquecendo que,
apesar de iguais termos, o primeiro se escreve com letra maiúscula e não pode
ser mistificado ao sabor das conveniências individuais.
Uma disposição
mórbida de viciar contas em proveito interno deve ser considerada mediocridade,
não interesses perniciosos nos bastidores sustentando a maioria dessas
atitudes, que depõem contra os valores da Ética, espaço onde se reclamam suas
presenças.
Militantes
políticos, de ordinário, no lado subdesenvolvido deste mundo, buscam a
caminhada pública para defender causas pessoais ou de blocos fechados. Seriam
como que bons para si e para os seus, enquanto relegam a terceiro plano faixa
substancial da comunidade que vota na esperança de modificar o estado de
coisas.
Dessa forma, urnas
transpostas através de recompensas imediatas, no que se utilizam de capitais a
ser recuperados após a vitória, estruturas reacionárias lançam âncora nos mares
do serviço público e substituem os figurantes antigos.
Em dita ocasião,
tudo passa a ser considerado instrumento de uso íntimo, desde a canalização das
verbas para áreas particulares até o jogo de palavras e gritos, na montagem das
propostas arrevesadas em defesa de atos esdrúxulos e manipulação de opiniões,
fazendo passar por bons os péssimos e por maus os opositores, endossados pelos
órgãos da comunidade de informação a peso de ouro (pode existir coisa mais
imoral do que propaganda de administração pública? Para que divulgar o que se
tem a obrigação de fazer?).
Neste universo das
leis humanas, o justo anda cabreiro de pagar pelo infrator. Manchas se alastram
no mata-borrão social e a bela arte do diálogo desvirtuou em demagogia ou
subterfúgio, período quando sociedades estacionam, ou degeneram, sufocando
ânsias de progresso.
Eis o diagnóstico
de quadro preocupante, espantalho que atordoa gerações inteiras de lideranças
novas. Como tratamento urgente, os exemplos bons merecem aplausos, para
fomentar métodos limpos de corrigendas e recuperar a sobrevida.
Atenção fixa nos
que vestem as malhas do poder e se dizem salvadores, porquanto posam de
cordeiros mansos bem sucedidos e jamais avisam que aparências enganam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário