quarta-feira, 12 de junho de 2013

Das esmolas grandes

Em épocas quase recentes, vivíamos três longas décadas de exceção política. As decisões nasceram de mãos desautorizadas, em sua maioria restando ao ser coletivo pagar pelo que comia e que nem soube quem comeu. Dirigentes nacionais se sucederam, quiséssemos ou não quiséssemos.

Depois, com uma constituição trabalhada a duras penas, em 1988, se preparou o futuro brasileiro. Jamais se esperou tanta lucidez das escolhas posteriores a isso. Sobretudo de gerações jovens de que bem carece o Mundo inteiro. Decisões aconteceram nas urnas diante de muitos nomes, todos sequiosos de poder, vontade de chegar ao ápice, e demonstrando sinceridade de propósitos até onde pode suportar a propaganda.

O conceito popular nos ensinava que de cavalo dado não se olha dente. Entretanto, tivemos de abrir a boca de cada um, em particular, para fazer a radiografia do bicho na praça, por inteiro, com equipamentos sofisticados de avançada tecnologia, que nos dominavam de cima para baixo. Vimos jogar feitiço contra feiticeiro. Caras restaram quebradas de tantas ilusões adormecidas e despertas em período de caça às urnas. Inspecionar dentes, cascos, pelagem, rabo, vazios, partes inferiores, foucinho, olhos, garganta, estômago, orelhas, tudo, de fatos a movimentos, sem medo da catinga dos animais racionais bem trajados e ansiosos de chegar à cabeceira da pista, porque depois tivemos infindáveis longos anos (lembrem-se dos de hoje) convivendo com aqueles alienígenas, vezes até irracional, a mandar e desmandar em nossos destinos.
Dizem os árabes que só se conhece de verdade quem conosco comer um quilo de sal, modo de descobrir o que as lentes escondem, porque são  passadas que machucam os pés.

Existiam os indivíduos, mas inexistiam partidos fortes e coerentes. O mais antigo não contava história de meio século. Seria detalhe primoroso dispuséssemos da crença no programa partidário respeitável, na honra e no espírito público dos candidatos.

Trabalhemos o voto, tais relojoeiros, para virmos depois usufruir de futuro sem lágrimas ou frustrações. Por serem jovens os principais protagonistas da cena, eles iriam desfrutar da sapiência de seu gesto, iniciando a nova História do Brasil, onde viveriam mais tempo e serão felizes.


Bom, esse o quadro daqueles idos esperançosos. Agora, chega o momento de avaliar com outros olhos o que aconteceu quando abriram o baú do tesouro, reflexão dos adultos que agora representam os jovens da esperança das primeiras eleições livres desta fase nacional.

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