Em épocas quase recentes,
vivíamos três longas décadas de exceção política. As decisões nasceram de mãos
desautorizadas, em sua maioria restando ao ser coletivo pagar pelo que comia e
que nem soube quem comeu. Dirigentes nacionais se sucederam, quiséssemos ou
não quiséssemos.
Depois, com uma
constituição trabalhada a duras penas, em 1988, se preparou o futuro
brasileiro. Jamais se esperou tanta lucidez das escolhas posteriores a isso. Sobretudo
de gerações jovens de que bem carece o Mundo inteiro. Decisões aconteceram nas
urnas diante de muitos nomes, todos sequiosos de poder, vontade de chegar ao
ápice, e demonstrando sinceridade de propósitos até onde pode suportar a
propaganda.
O conceito popular nos
ensinava que de cavalo dado não se olha dente. Entretanto, tivemos de abrir a
boca de cada um, em particular, para fazer a radiografia do bicho na praça, por
inteiro, com equipamentos sofisticados de avançada tecnologia, que nos dominavam
de cima para baixo. Vimos jogar feitiço contra feiticeiro. Caras restaram
quebradas de tantas ilusões adormecidas e despertas em período de caça às
urnas. Inspecionar dentes, cascos, pelagem, rabo, vazios, partes inferiores,
foucinho, olhos, garganta, estômago, orelhas, tudo, de fatos a movimentos, sem
medo da catinga dos animais racionais bem trajados e ansiosos de chegar à
cabeceira da pista, porque depois tivemos infindáveis longos anos (lembrem-se
dos de hoje) convivendo com aqueles alienígenas, vezes até irracional, a mandar
e desmandar em nossos destinos.
Dizem os árabes que só
se conhece de verdade quem conosco comer um quilo de sal, modo de descobrir o
que as lentes escondem, porque são
passadas que machucam os pés.
Existiam os
indivíduos, mas inexistiam partidos fortes e coerentes. O mais antigo não contava
história de meio século. Seria detalhe primoroso dispuséssemos da crença no
programa partidário respeitável, na honra e no espírito público dos candidatos.
Trabalhemos o voto,
tais relojoeiros, para virmos depois usufruir de futuro sem lágrimas ou
frustrações. Por serem jovens os principais protagonistas da cena, eles iriam
desfrutar da sapiência de seu gesto, iniciando a nova História do Brasil, onde
viveriam mais tempo e serão felizes.
Bom, esse o quadro
daqueles idos esperançosos. Agora, chega o momento de avaliar com outros olhos
o que aconteceu quando abriram o baú do tesouro, reflexão dos adultos que agora
representam os jovens da esperança das primeiras eleições livres desta fase nacional.
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