quinta-feira, 6 de junho de 2013

Padre Antônio Vieira

No dia 14 de junho de 1919, nasceu no município de Várzea Alegre, no sítio Lagoa de Órfãos, atual Cristo Rei, distrito de Calabaça, no sopé da Serra dos Cavalos, Antônio Batista Vieira, o Padre Vieira, filho de Vicente Vieira da Costa e Senhorinha Batista de Freitas.

Inteligência flamejante, além de sacerdote católico, Vieira destacou-se em diferentes áreas, como filósofo, poeta, jornalista, professor, orador sacro, jurista, escritor, parlamentar e ecologista.

Iniciou os seus estudos em escola da zona rural, vindo a cursar o Seminário São José, em Crato, e o Seminário da Prai-nha, em Fortaleza, graduando-se em Teologia e Filosofia e ordenando-se a 27 de setembro de 1942. No Seminário São José ministrou Latim, Grego e Ita-liano. Ensinou também no Rio de Janeiro e em vários municípios do Ceará onde desempenhou as funções sacerdotais, dentre outros, Crato, Icó e Iguatu.

Sua participação política, na fase do regime militar instaurado com o golpe de 1964, levou-o, com larga margem de sufrágios, ao Congresso Nacional para um mandato de deputado. De verbo eloqüente e denunciador da ilegalidade e da injustiça social, marcou aquele período histórico e abalou as estruturas dominantes, vindo a ser incluído no rol dos cassados.

Em resposta a esse gesto do totalitarismo, retornou aos bancos escolares, sendo aprovado em primeiro lugar no vestibular de Direito da Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro.

Querido pelos nordestinos, dada à sua espirituosa personalidade, soube conquistar e preservar admiradores nas diversas categorias sociais. Ensaísta e cronista de rara maestria, Padre Vieira publicou muitos livros, a saber: 100 Cortes sem Recortes, 1963; O Jumento, Nosso Irmão, 1964; O Verbo Amar e suas Complicações, 1965; Sertão Brabo, 1968; Mensagem de Fé para quem não tem Fé, 198l; Penso, logo Desisto, 1982; Pai Nosso, 1983; Bom Dia, Irmão Leitor, 1984; Por que fui Cassado, 1985; A Gramática do Absurdo, 1985; A Igreja, o Estado e a Questão Social, 1986; A Família (Evolução histórica, sociológica e antropológica), 1987; Senhor, Aumentai a Minha Fé, l988; Filosofia, Política e Problemas Jurídicos, 1988; Eu e os Outros, 1988; Roteiro Lírico e Místico sobre Juazeiro do Norte, 1988; Eu sou a Mãe do Belo Amor, 1988; e Fatos Pitorescos, 2001.

Na paróquia de São Francisco, em Crato, construiu, em mutirão com os fiéis, templo dos mais belos, no bairro Pinto Madeira. 

Outra facete marcante de seu caráter: o amor extremado pelas coisas da Natureza, sobretudo pela preservação do jumento, a principal alimária sertaneja, que adotou como filho dileto e motivo de cruzada conser­vacionista de reconhecimento internacional.


Neste sábado, 19 de abril, por volta de 01h30 da madrugada, aos 83 anos, desaparecia em Fortaleza o padre Antônio Vieira, vítima de insuficiência cardíaca. Deixava, desse modo, órfão o dócil animal que nele encontrara extremado defensor.

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