No dia 14 de junho de 1919,
nasceu no município de Várzea Alegre, no sítio Lagoa de Órfãos, atual Cristo
Rei, distrito de Calabaça, no sopé da Serra dos Cavalos, Antônio Batista
Vieira, o Padre Vieira, filho de Vicente Vieira da Costa e Senhorinha Batista
de Freitas.
Inteligência flamejante, além de
sacerdote católico, Vieira destacou-se em diferentes áreas, como filósofo,
poeta, jornalista, professor, orador sacro, jurista, escritor, parlamentar e
ecologista.
Iniciou os seus estudos em escola
da zona rural, vindo a cursar o Seminário São José, em Crato, e o Seminário da
Prai-nha, em Fortaleza, graduando-se em Teologia e Filosofia e ordenando-se a 27
de setembro de 1942. No Seminário São José ministrou Latim, Grego e Ita-liano.
Ensinou também no Rio de Janeiro e em vários municípios do Ceará onde
desempenhou as funções sacerdotais, dentre outros, Crato, Icó e Iguatu.
Sua participação política, na
fase do regime militar instaurado com o golpe de 1964, levou-o, com larga
margem de sufrágios, ao Congresso Nacional para um mandato de deputado. De
verbo eloqüente e denunciador da ilegalidade e da injustiça social, marcou
aquele período histórico e abalou as estruturas dominantes, vindo a ser
incluído no rol dos cassados.
Em resposta a esse gesto do totalitarismo, retornou aos
bancos escolares, sendo aprovado em primeiro lugar no vestibular de Direito da
Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro.
Querido pelos nordestinos, dada à
sua espirituosa personalidade, soube conquistar e preservar admiradores nas
diversas categorias sociais. Ensaísta e cronista de rara maestria, Padre Vieira
publicou muitos livros, a saber: 100
Cortes sem Recortes, 1963; O Jumento,
Nosso Irmão, 1964; O Verbo Amar e
suas Complicações, 1965; Sertão Brabo,
1968; Mensagem de Fé para quem não tem Fé,
198l; Penso, logo Desisto, 1982; Pai Nosso, 1983; Bom Dia, Irmão Leitor, 1984; Por
que fui Cassado, 1985; A Gramática do
Absurdo, 1985; A Igreja, o Estado e a
Questão Social, 1986; A Família
(Evolução histórica, sociológica e antropológica), 1987; Senhor, Aumentai a Minha Fé, l988; Filosofia, Política e Problemas Jurídicos, 1988; Eu e os Outros, 1988; Roteiro Lírico e Místico sobre Juazeiro do
Norte, 1988; Eu sou a Mãe do Belo
Amor, 1988; e Fatos Pitorescos,
2001.
Na paróquia de São Francisco, em Crato, construiu, em
mutirão com os fiéis, templo dos mais belos, no bairro Pinto Madeira.
Outra facete marcante de seu
caráter: o amor extremado pelas coisas da Natureza, sobretudo pela preservação
do jumento, a principal alimária sertaneja, que adotou como filho dileto e
motivo de cruzada conservacionista de reconhecimento internacional.
Neste sábado, 19 de abril, por
volta de 01h30 da madrugada, aos 83 anos, desaparecia em Fortaleza o padre
Antônio Vieira, vítima de insuficiência cardíaca. Deixava, desse modo, órfão o
dócil animal que nele encontrara extremado defensor.
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