Será mesmo que aqueles
de nós que andam às gargalhadas detrás dos vidros esfumaçados dessas naves
prateadas, hermeticamente lacrados nas suas preocupações esclarecidas, imaginam
andar nas nuvens acima do bem e do mal assim flanando indiferentes? Será mesmo
que quando chegam aos pousos dormem a sono solto de virar noites longe das inquietações
cotidianas e dos comentaristas dos programas policiais? Ou a frase restou longa
a ponto de perder o sentido e abandonarem o texto antes de receber a carapuça?
E a sociedade a que
pertence pertence a quem? A ninguém e a todos, quero imaginar. Os pedaços que
sobrarem irão nutrir os cães dos senhores de governo, avalio, pois.
Outro título dessa
matéria seria Cumplicidade indecorosa,
ou Uma falsa cumplicidade, ou As avestruzes circulares...
Esse ranço folclórico
é que hoje de manhã dei de cara com um pedinte jovem, preto, desgrenhado,
largado, mal trajado, revoltado, e outros ados,
porque as pessoas que lhe davam algum prato de comida haviam ouvido a língua de
outros a que deixassem de fazer aquilo, que viciavam a pessoa, pois a família
dele bem que podia custear seu sustento de mendigo pobre, e coisa e tal.
Achava-se traído pela coletividade, que até então aceitou a condição dele pedir
restos de comida e passar do jeito que a natureza dava oportunidade. Porém
resolveu abandoná-lo de vez, que sua barriga (e mostrou a barriga quando
levantou a camisa encardida) começara a reclamar. E agora a balança pareceu
virar no sentido contrário... Que há cinco dias andava com fome, querendo a
todo custo, um lenitivo de forrar a paz nas ruas onde anda livre, conformado.
Bom, o assunto é esse,
apresentar o quadro qual tema do interesse e da participação de todos, até dos
que fogem aos compromissos boêmios das religiões, sob o pretexto de cuidar dos
afazeres, pagar impostos, manter a família, votar de dois em dois anos, guardando
atenção às novelas, anestesias ausentes da realidade real, com história lá de
longe via satélite.
Ainda assim caberá
parcela importante nesse mar infinito, nas horas das pequenas lembranças siderais,
de desenhos trançados com os fios de teias semelhantes a mistérios de mundos
orientais.
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