sexta-feira, 12 de abril de 2013

A vitória de Pirro


Dias recentes, lembrei de história da Antiguidade Clássica registrada por Plutarco, que conta do Rei Pirro, do reino de Épiro, quando venceu os romanos em duas violentas batalhas, Ásculo (270 a.C.) e Heracleia (280 a.C.), de danos inestimáveis a ambos os lados, naquilo que resolveram denominar Guerra Pirrica, homenagem ao monarca vencedor.

- Outra vitória como essa me arruinaria por completo – eis, segundo Dioniso de Helicamasso, qual respondera Pirro a um vassalo que lhe dirigia palavras elogiosas sobre os resultados da pugna, logo após a segunda batalha. Daí nasceu a expressão vitória de Pirro, utilizada nas situações dos que ganham, mas não levam os produtos da vitória.

Em meio de profundas perdas em homens e armas, o Rei se rendia ao desastre dos confrontos em que os prejuízos vultosos, desmandos e mortes de amigos e guerreiros valiosos, feriram lhe até o desânimo, abatido de marcas profundas no sofrimento.

Isso numa época quando os artefatos militares causavam bem menos estragos na comparação com as atuais ogivas nucleares, inquestionável  perdição do gênero humano na Terra. Ainda assim, Pirro se via longe da pátria e os aliados das proximidades começavam a retirar o apoio inicial que recebera nas escaramuças. Inexistiam outros meios de formar novos soldados diante das sérias perdas sofridas.

Após a Segunda Guerra Mundial, indagado quais armas a humanidade usaria no próximo conflito de iguais proporções, o historiador inglês Arnold Toybee respondeu sem pestanejar:

- Na próxima guerra, eu não sei. Porém na seguinte a essa, as armas utilizadas serão o arco e a flecha, pois quase nada sobrará.

Porquanto nas guerras inexistem vencidos ou vencedores. Todos saem derrotados perante a verdadeira consciência do crescimento real. Os tais exércitos vencedores nisso também acumulam perdas irreparáveis em todo sentido, desde destruições de vidas humanas a atrasos em termos de organização dos seus povos, esfacelando o que antes obtiveram, causando dores atrozes.

A ilusão das aparentes vitórias entusiasma momentaneamente, enquanto destrói, pela falta de jeito, a sonhada paz, matriz dos dias de amizade e definitiva solidariedade.

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