Dias recentes, lembrei de história da Antiguidade Clássica registrada por
Plutarco, que conta do Rei Pirro, do reino de Épiro, quando venceu os romanos
em duas violentas batalhas, Ásculo (270 a.C.) e Heracleia (280 a.C.), de danos
inestimáveis a ambos os lados, naquilo que resolveram denominar Guerra Pirrica,
homenagem ao monarca vencedor.
- Outra vitória como essa me arruinaria por completo – eis, segundo
Dioniso de Helicamasso, qual respondera Pirro a um vassalo que lhe dirigia
palavras elogiosas sobre os resultados da pugna, logo após a segunda batalha.
Daí nasceu a expressão vitória de Pirro,
utilizada nas situações dos que ganham, mas não levam os produtos da vitória.
Em meio de profundas perdas em homens e armas, o Rei se rendia ao
desastre dos confrontos em que os prejuízos vultosos, desmandos e mortes de
amigos e guerreiros valiosos, feriram lhe até o desânimo, abatido de marcas
profundas no sofrimento.
Isso numa época quando os artefatos militares causavam bem menos estragos
na comparação com as atuais ogivas nucleares, inquestionável perdição do gênero humano na Terra. Ainda
assim, Pirro se via longe da pátria e os aliados das proximidades começavam a
retirar o apoio inicial que recebera nas escaramuças. Inexistiam outros meios
de formar novos soldados diante das sérias perdas sofridas.
Após a Segunda Guerra Mundial, indagado quais armas a humanidade usaria
no próximo conflito de iguais proporções, o historiador inglês Arnold Toybee
respondeu sem pestanejar:
- Na próxima guerra, eu não sei. Porém na seguinte a essa, as armas
utilizadas serão o arco e a flecha, pois quase nada sobrará.
Porquanto nas guerras
inexistem vencidos ou vencedores. Todos saem derrotados perante a verdadeira consciência
do crescimento real. Os tais exércitos vencedores nisso também acumulam perdas
irreparáveis em todo sentido, desde destruições de vidas humanas a atrasos em
termos de organização dos seus povos, esfacelando o que antes obtiveram, causando dores atrozes.
A ilusão das aparentes
vitórias entusiasma momentaneamente, enquanto destrói, pela falta de jeito, a
sonhada paz, matriz dos dias de amizade e definitiva solidariedade.
Bem lembrado, meu prezado.
ResponderExcluirUm abraço!
Um abraço, Júlio.
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