Houve um tempo, quando
morei cinco quilômetros afastados da cidade, em casa que lá não possuía energia
elétrica e telefone. Contava só com água de cacimba, bombeada por moto bomba
movida a gás. Era a época das Diretas já,
depois, eleição e doença de Tancredo Neves. De tanto prego que dava o motor,
Zulene o batizara de Tancredo. Quase toda semana descia com ele para reparo na
oficina de um conterrâneo das Lavras que vive em Crato. Nessas viagens, resolvia
o problema, mas sobrava a certeza de que regressaria sem dúvida ao amigo mecânico
(Nilson).
Desde então, quantas
outras dependências seguiram aparecendo desse tempo convergente. Celulares.
Computadores. Internet. Cachorros. Impostos e taxas. Filtros solares.
Hidratantes. Atentas parabólicas. Exames periódicos. Outros reparos. Prestações
variadas. Mensalidades. Compromissos partidários. Sindicais. Clubes. Renovação
de carteiras. Contas bancárias. Ainda que, no mesmo lugar, cercas que comprimam.
Etc. Etc.
Para onde torcer o
pescoço, ali os vínculos institucionais da sociedade humana, convenções,
limites constitucionais. Regras fundamentais da convivência dos cidadãos.
Valores. Normas. Direitos e deveres mil. Sei, no entanto, que manufaturadas no
aprimoramento da espécie. Padrões universais de entrosamento, conscientização
coletiva das classes em movimento. Grades que cercam o território e amaciam
relações comunitárias.
Sob essas concretudes
circunstancias, deslizam individualidades, por vezes habituadas ao percurso
natural das evidências. Noutras, contudo, desperto a considerações repetitivas,
o sabor do choque de ideias soltas pelo ar, nos ditos pensamentos de homem
livre. Explodem tais frutos inesperados da visão das oportunidades, mediante
clarões que invadem salões da memória e fixam audiências a meio de demais
produtos modificados e que ainda se modificarão a toda hora. Querem isso de abrir
espaço possível para realidade alternativa do ser livre, vagas dominantes,
audaciosas, o oceano presencia na tela de si pessoal.
Os itinerantes
lampejos da visão em atividade impõem largos voos monótonos e mudam sentidos
antes naturais da conformação. Pegam o estrangeiro pela mão e o conduzem mar
adentro, rumo do desconhecido... A rota do destino com isso reconstitui o poder
original de humano livre das amarras postas no leito das estradas, agora determinando
objetivos antes encobertos. Enquanto a força da liberdade dorme contida, escondida
no querer dos talentos, seres iluminados assim revelam oportunidades de recriar
novos universos.
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