Quando ouço falar na
troca de favores entre os homens públicos, ignorando a ética da delegação
popular para os cargos que temporariamente preenchem, lembro de um episódio que
me foi relatado por D. Violeta Arraes.
Segundo contou, no transcorrer
das momentosas dificuldades vividas pela França ao tempo das lutas pela
libertação da Argélia, assistira ela a uma entrevista de Charles de Gaulle,
presidente responsável para administrar a grave crise. De um lado estava o
movimento de libertação da colônia no Norte da África, que ameaçava
desestabilizar as bases da república francesa. Do outro, parte dos franceses e
do Exército, que recusavam permitir independência aos argelinos.
No auge da luta armada
e das movimentações políticas, de Gaulle reagiu com rigor e até puniu generais
do Estado Maior, pessoas com quem mantinha estreita ligação de amizade e da caserna.
O que impressionou D.
Violeta foram as palavras do Presidente francês com que responde ao ser
indagado pelo repórter quanto às duras medidas que adotava, prendendo,
inclusive, amigos, antigos colegas de turma de Academia Militar. No que
respondeu sem arrodeios:
- O primeiro dever do
homem público é a ingratidão.
O general de Gaulle marcou
a história qual das peças principais na recuperação do Ocidente depois dos
desastres da Segunda Grande Guerra, líder inconteste de ações que resultaram no
sucesso aliado, entrando em Paris à frente das tropas vitoriosas para libertar
a Europa.
Através das lições que
legou, testifica personalidade afeita nos critérios que praticara quando
convocado em momentos mais difíceis, a fim de conduzir o destino da sua gente.
Atitudes dos que
comandam populações humanas exigem, pois, altivez de caráter e compromissos
superiores, não só pessoais. O resultado dessas práticas virá na forma dos frutos
sadios e valiosos exemplos de respeito às coletividades.
Nunca exigirá demasiado
quem pede dos governantes o cumprimento dos deveres de zelar pela cidadania,
conquanto neste sentido nas democracias os elege.
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