Por volta de 1963
acontecera na Quadra Bicentenário, em Crato, algumas lutas de vale-tudo
protagonizadas por lutadores cratenses, o mais famoso, Vanda, respeitado pelo
porte físico, músculos, altura e coragem, enfrentando nos ringues visitantes trazidos
de outros lugares. Desses, guardei o nome de Touro Novo, lutador baiano,
cidadão parrudo, tez escura e porte de atleta valente, que se apresentara em
noite memorável daquele ano diante de plateia admirada com a ferocidade das
pugnas oferecidas nalgumas oportunidades.
Menos de duas décadas me vi em Salvador, segundo semestre de 1978, aguardando vez
para cortar o cabelo numa barbearia próxima ao Terreiro de Jesus, e chegou, na
mesma intenção, senhor forte, simpático e conversador.
Eu lia alguma
publicação e escutei pedaços da prosa do cliente, já conhecido no salão, a
narrar acontecimentos da sua vida. Vim saber, então, que ele, na juventude, fora
respeitado praticante de luta livre, coisa e tal. Andara pelo Brasil exercitando
o esporte brutal, disputando pelejas e vencendo adversários conceituados. Contou,
contou, e de tanto falar, terminou revelando que o sucesso lhe abrirá portas,
sim, porém enfrentara, em momento trágico das histórias, situação insustentável
e nisso tivera de cometer um homicídio fora dos ringues.
Face do acontecido,
narrava Touro Novo, sofreria o constrangimento da lei penal, naquela ocasião ainda
cumprindo a condenação em regime aberto, dados os benefícios das fases
posteriores da pena.
Logo revi os blocos de
memórias e identifique na fisionomia daquele homem amadurecido, apanhado pelo tempo,
o mesmo gladiador feroz do combate guardado na lembrança. Livros abertos das
escolas desse chão; quantas mudanças individuais. Descera do pódio ao presídio nas
frações simples de única geração.
Depois, vista a
prioridade dos eventos dessas lutas atuais, regressos aos períodos da agressão
humana ao foco dos acontecimentos, UFC, televisões sensacionalistas, figuras
altivas e machucadas pelos golpes da barbárie, a exigir controle do instinto
animal, perto, perto, os exemplos das horas que dividem fracasso e grandeza no
território da fama.
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