Conceituam-se as coisas para
atender necessidades, sejam de mercado, sejam de conveniência, mas conceituar
transforma o simples no complexo e o certo no duvidoso, ou no sentido inverso,
conquanto sirva de base ao andamento dos barcos de sal, neste mundo de balcões
e portos em que a vida humana reverteu-se, num tempo de muita galinha e pouco ovo.
Maio foi eleito o mês das mães,
desde as noivas, futuras mamães, a Maria, mãe de Jesus. Isso enquanto as flores
perfumam os jardins e tudo parece corresponder em termos de felicidade e
harmonia.
Já o mês de agosto agora se
tornou o mês dos pais, nos turnos de comércio. Tempo de presentes a quem paga
os presentes do ano todo.
Fase boa de fazer largas
reflexões do que sejam os pais dessa era de tanta mudança em tudo, quando criar
filhos virou ginástica imprevisível de muitas posições, ao perguntar quais
caminhos trilhar no futuro da família, fustigada dos maiores desafios de
sobrevivência moral.
Outros momentos prometiam
melhores esperanças do que hoje, sem querer lançar mais lenha na fogueira das
vaidades humanas. Ser pai envolve compromisso de mostrar resultados em forma de
sucesso profissional e geração de emprego e renda, salvadas aparências e
destinos.
Nunca tantos moraram na face da Terra,
planeta enfumaçado e neutro aos valores mutáveis estabelecidos a fim de cumprir
compromissos. E os pais saem calados em busca do pão de cada dia, nos formatos
dos tempos modernos, comerciais, automáticos, industriais, digitais.
Aos homens que têm o mérito de
cumprir tal missão de criar e manter os filhos e indicar as alternativas do
futuro, nos cabe olhar com bons olhos e vê-los quais cidadãos comuns, porém
cobertos de cinzas de incerteza, nos vagões de segunda, dados fatores que lhes
restringem os passos, fardos familiares de outras exigências.
Na roda viva desses meios dagora,
as correias dentadas do coração reclamam contrato, sejam no peito de pai, ou de
mãe, ou de filho. A humana sociedade pouco corresponde àquilo prometido nos
manuais. Iniciativas pedem coragem e criatividade, sem permitir falhas por
conta do que virá depois, nas folhas de pagamento e prontuários oficiais.
Querer o bem dos pais, venha de
onde vier, dos comerciantes ou dos pirralhos, significa respeito a entes
valiosos na condução de trilhos enferrujados nas malhas do sem-fim.
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