Quem vive na cidade,
sujeito ao brilho fosco das televisões e dos computadores, talvez encontre
dificuldade para imaginar os prazeres de quem mora no campo, ali juntinho da
Mãe Natureza, onde o silêncio dos vales e das colinas une forças com o ciciar
dos ventos nas árvores, o canto dos pássaros alegres no amanhecer do dia, o
frio gostoso das madrugadas, sob o conforto gostoso de cobertas aquecidas. Um
clima bucólico a tudo envolve até o fim do dia, aos derradeiros raios do Sol
filtrado na folhagem, tangido pelos pios saudosos das aves noturnas,
entrecortados nos estrilos das andorinhas ligeiras a cruzar os céus. Uma
sinfonia de beleza, festa harmoniosa das existências próximas das matas, de
estio a inverno.
Porém tais bonomias determinam
custos elevados, hoje mais do que antes, face aos valores da acomodação
industrial. Isto por vezes impagável.
A morada nos ditos
lugares afastados da civilização eletrônica das cidades implica numa série de
exigentes determinações. Primeiro, achar esse pouso de sonho tardio a preço
razoável, no poder do orçamento familiar. Depois, as burocracias de contar com
alguém que possa dividir as tarefas e trabalheiras exaustivas, enquanto se
busca, nos gabinetes das aglomerações urbanas, o sustento das condições
necessárias às penas pecuniárias que isso requer. Educar filhos, transporte,
abastecimento, impostos e taxas, vestuário, lazer e turismo em voga, energia,
comunicação, etc.
Enquanto isto, os cachorros
vigilantes da área exigem cuidados de rotina; há que existir água de beber, de
banho e cozinha; meios de segurança; higiene ambiental; forte carência de
pessoas que possam realizar afazeres domésticos, limpeza, arrumação e
refeições. A distância dos centros de abastecimento reclama idas e vindas aos
mercantis, feiras e sacolões, acima de tudo o mais.
Bom, a existência
pastoril nos tempos que transcorrem, ainda que profundamente gratificante e
prazerosa, reclama custos heróicos em termos de carregar sacos, caixas e
pacotes dos empórios comerciais aos armários da casa.
Assim, entretanto, no
toma lá, dá cá, de jornadas cotidianas, face às malhas da lei da compensação,
ansiar pela paz do campo precisa de coragem e persistência, pois o sonho de
seguir adiante no viver determina condições e prática de amor ao bem estar da
família.
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