domingo, 31 de março de 2024

Memórias de uma tarde nublada


Trovões ao longe, sobras do dia e sensações que se esvaem pouco a pouco em forma de lembranças vagas que ficam nos corredores da ausência. Além disso, as distâncias que silenciosas invadem a calma. Buscar boas impressões de tudo que trata de sumir nos vãos do firmamento. As imagens. O silêncio grandioso. Pequenos trinados dos derradeiros pássaros ponteiam de mistério a existência. Isto bem mais que uma mera paisagem, um bocado das vidas no movimento das cores e do vento no horizonte.

Daí uma necessidade urgente de saber a quanto andamos na crosta deste Chão monumental. Resquícios das notícias do que sumiu. Desejos incontidos das horas em querer renovar amores adormecidos e momentos felizes ora imaginários. Um tudo de palavras soltas que insistem buscar respostas nos pensamentos humanos. Querer a qualquer custo desvendar o sentido dessas inscrições grudadas em si nas dores do tempo que foi.

Só outra tarde, dessa vez envolta de nuvens carregadas de chuva, também forma de transcorrer os céus e contar suas longas histórias que nunca terminarão de acontecer em algum lugar.

Neste cenário difuso de luzes sem sombra, no desenrolar do sentido das presenças humanas diante do enigma que carregam, na face quase escura da noite que aproxima. Seus sons de animais a vaguear no impossível e depois somem ao surgir do novo dia. Aonde seguirá o Tempo? A necessidade imensa das definições que a tantos perseguem, e depois serão meros desaparecidos, pelos trâmites das gerações.

Todos com isso a descrever seus instintos na ânsia de clarear os sentimentos. São muitos, são tantos, viajantes dos sóis. Enquanto que essa vontade soberana de viver persistirá sempre a pedir trégua aos impulsos das dúvidas. Assim, esteios de saudades e sonhos, mourejamos uns e outros, na esperança e na fé, quando, então, iluminaremos o coração do que aguardávamos das heranças e dos destinos.

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