segunda-feira, 2 de abril de 2018

O ser humano e as suas atitudes

O que cessará é o raciocínio. A sabedoria, esta permanecerá para sempre. O movimento holográfico do pensamento em sucessão se interporá entre a inércia e a vida, enquanto, através desse movimento, a inexistência desenvolve e cresce a existência real e concederá a si mesma a perenidade de tudo em tudo, a forma plena, absoluta do conhecimento e do ser. Nisso, há luz da certeza que fixa os alicerces da sonhada permanência, livre do personalismo crônico dos indivíduos. Assim, o que considerávamos um eu próprio, particular, egoísta, dissipará os apegos e libertará solto a percorrer o Universo eterno de tudo quanto há.

Velhos conceitos de vidas pessoais, isentos da integração com o divino poder da perenidade, somem quais bruma em dias claros. Longe dos laços da ilusão, de preocupações e interesses mesquinhos, o homem despertará em nível de consciência e concretude. Senhor dos seus antigos senhores, dominará os densos elementos de vidas e vidas pelos quais transcorreu, e em síntese do amor e paz sobreviverá ao fugidio da decomposição dos momentos.

Quando, pois, cessar o raciocínio, ali permanecerá o verdadeiro conhecimento. No apagar das luzes dos dias, nascerá o fulgor da imortalidade diante dos elementos de que compuseram o quadro de destinos sucessivos, das muitas vidas, em único princípio e consistente sustentabilidade.

São as horas e o tempo. Passadas todas as eras, a existência haverá de ser no infinito das horas sem fim. Apagados erros e dúvidas, o ser efetivo que presenciava esse seguimento impermanente dos erros e das ilusões só então definirá de vez a sorte dos seus dias, a que veio e aonde chegaria desde sempre. A máquina de pensar cumprirá de tal sorte o seu papel que os frutos da realidade existirão à luz do puro conhecimento em nós e por meio da luz.

Quais parceiros eternos da felicidade, frequentamos nas existências transitórias a escola da Existência definitiva. Buscadores nas florestas do ser, tornar-nos-emos a própria busca, isto já nos planos maiores do mistério.  

(Ilustração: Hieronymus Bosch).

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