segunda-feira, 27 de março de 2017

Respeito

Um dia, quando o rabino Baal Schem, místico de santidade e reverência entre os judeus hassidistas, convocou Samael, rei dos demônios, a fim de que este cumprisse parte do exercício de certo fenômeno da Natureza, fora indagado:

- Por que me chamas, se sou chamado só nas horas extremas e graves?! E dessas, em apenas três vezes tive de comparecer a fim de cumprir determinações superiores?! Primeiro, na Árvore do Conhecimento; segundo, no levante do Bezerro de Ouro; e, depois, na destruição do Templo de Jerusalém?!...

Naquele instante, o rabi Schem pediu que ele contemplasse a fronte dos discípulos ali presentes, aos quais ordenou que descobrissem a cabeça. 

O rei dos demônios, em seguida, após realizar a função determinada pelo sacerdote, logo tratou de voltar ao refúgio das sombras.

Mas antes de se ausentar, no entanto, solicitaria a Baal Schem que lhe deixasse permanecer durante um pouco mais de tempo a observar a fronte de Deus presente nos seus filhos reunidos diante do místico.

Nisso, foi atendido e se sentiu gratificado com tamanha deferência.


(Nas minhas palavras uma história que achei no livro Histórias do Rabi, de autoria de Martin Buber, Editora Perspectiva, São Paulo, 1995).

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