terça-feira, 7 de outubro de 2014

A floresta dos sonhos

Ao erguer a vista na busca de observar a distância que resta para chegar aonde se pretende ir, as pálpebras fecham sobre os olhos ressecados da viagem de longas e exaustivas horas suas cortinas de névoa impaciente. Conhecer apenas pela metade o presente, que expectativa de infindos momentos... Diversas paisagens veriam na frente tantas vezes e, qual em respostas de cunho ainda interrogativo, sempre pôr os pés no próximo passo, certo de cumprir com fidelidade o que cabe, sem perguntar sempre querendo saber mais do que o tanto de merecer dos assuntos que a dúvida traz no seu bojo ao plano das memórias de rotina. 

Porém os dias se passam em velocidade superior ao ritmo das percepções, crescem nos sonhos das seguidas noites as amostras do quanto reserva a Natureza a quem observar o trilho da razão que sobrevive incólume embaixo das camadas internas em todos os sistemas da flora universal. As circunstâncias exigem, e os elementos assim coordenam o fio por onde possa mergulhar, no labirinto das imagens virtuais em forma de enredos mágicos, roteiros sigilosos das travessias exóticas.

Buscar orientação pelos sonhos... Querer instruções coerentes das portas que devam ser abertas nos corredores da dúvida... Linhas obscuras e fantasmas inquietos nas sombras, ameaças ou alianças?... Na sequência das indagações, o instinto salvador fornece prumos corretos à visão; em lugar do medo e dos prognósticos adversos, a Lei superior. Cobrir de valores implacáveis as marcas escuras, cicatrizes deixadas em forma de armadilha, monstros cruéis, pesadelos... Sonhos de armaduras perfeitas em torno do castelo inviolável da certeza inevitável.

As cenas lógicas desses entes que penetram o mais íntimo dos seres, na consciência das coisas, em forma de sonhos, indicam as faces do poliedro invisível da dimensão que se quer da Luz poderosa, sinais evidentes da possibilidade real que existe além da fria matéria, falas permanentes nos refolhos da alma de cada vivente.

Em meio às convulsões da procura, abrem-se as palmas do mistério os que se dispõem admitir as vertentes primeiras do vazio, origem de tudo. A exatidão do Perfeito em viagens individuais, solitárias ou partilhadas, por mundos prováveis, na capa dos abismos insondáveis de monumentais cordilheiras. Altitudes infinitas, transes ilimitados, na esteira do tempo e do espaço, noutros palcos abertos de azul multicor.

A função dos sonhos domina, pois, o cenário de idéias em círculos de giz, volvendo a outros níveis de compreensão; desperta a margem das interpretações bem maiores do que meras palavras ditas ao modo de conceito exatos.

Diante das manifestações humanas, a que melhor se aproxima do testemunho dos sonhos seria a Arte e suas variadas formas, desde música, pintura, literatura, cinema... Trabalhos incessantes de criadores acesos na intenção de chegar ao intangível, concretizar o intocável, esforço ardente de produzir os bens simbólicos na Cultura.

Através de expressões mitológicas, todas as civilizações até hoje permitiram exemplos de crenças imaginárias ao máximo possível nesses redutos a que se aventuram os que descobrem os termos dos lugares oníricos, ricos patrimônios da matéria permanente de estudo na floresta dos sonhos.

(Foto: Jackson Bola Bantim).

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