segunda-feira, 28 de julho de 2014

Os três cavalos

Num apólogo exemplar, o escritor cearense Gustavo Barroso conta que viajavam por estrada desconhecida três animais bravios, um cavalo velho e dois potros fogosos. Andaram que andaram até chegar numa bifurcação de caminho onde ninguém identificou o destino a continuar.

Sem que bem soubessem qual alternativa escolher com segurança, ali iniciaram discussão demorada em torno da via correta de levar adiante o roteiro da jornada. 

Cada potro escolhia convicta opção de um dos lados, enquanto o cavalo velho, experiente, passado na casca do alho, reconhecia também não ter consigo a certeza de coisa nenhuma, naquele e em tantos outros assuntos. Aprofundava a visão no longo do horizonte e imaginava melhor jeito de aconselhar os jovens companheiros da viagem. 

Pensou que pensou e se achou disposto a não tomar partido. Permaneceria naquele lugar, na sombra de árvore próxima, enquanto os oponentes,  provariam suas teses na prática, e aguardaria o retorno do que tomasse o lado que fosse errado de continuar a viagem.

Assim aconteceu. Depois de horas, voltava o potro que falhara, todo latanhado de espinhos, suado, sujo de barro, ofegante.

- Ele estava certo, - falou humilde ao se aproximar. - Sigamos, pois, a outra perna de estrada que é o lado correto.

O cavalo velho, nessa hora convidou o amigo a que descansasse, e daí prosseguiriam a caminhada, sentenciando:

- Os que erram ensinam duas vezes. Uma, quando escolhem e agem sem comprovação. Outra, ao responder pelas consequências de recomeçar a tarefa em fracassam. Mostram como não fazer. Já quem acerta jamais passará no mesmo lugar de onde veio, porque seguiu à certeza do objetivo que escolheu. 

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