terça-feira, 16 de abril de 2013

Mister Frank Soules


Esse o nome de um americano que viveu em Crato na década de 60, pastor presbiteriano que foi meu professor de Inglês em curso que funcionava à noite no prédio da Escola Natanael Cortez, à Rua José Marrocos, acima da Estação Ferroviária e próxima da casa dos meus pais.

Era amigo de um amigo nosso, José Fernandes, pessoa ligada à minha família, o que permitiu minha aproximação desse missionário vindo de Chattanooga, cidade do estado americano do Tennessee. Conhecera também seus filhos Dale e Terry, o segundo, anos depois, desapareceria entre as baixas da Guerra do Vietnam. Dale colecionava selos, atividade que eu desenvolvia naquela fase da juventude. A minha escolha recaía nos selos estrangeiros já carimbados.

Visitei-os uma vez no Bairro do Pimenta, residência onde notei telas de naylon em todas as portas e janelas, a fim de evitar a presença de insetos, cuidados devidos aos trópicos, na mentalidade dos que chegam de outros países.

Essa família desempenhava o apostolado protestante no interior do Brasil. Era a época crítica que antecedia os anos da Revolução de 1964. Recordo quando, após uma das aulas, ao voltar para casa, encontrei meu pai de ouvido colado no rádio escutando os inflamados e tensos discursos do Comício da Central do Brasil, de trágica memória. João Goulart, Miguel Arraes, Francisco Julião, Lionel Brizola, definiriam os destinos da Pátria nas reações de consequências radicais.

Estudara a Língua Inglesa nalgumas outras ocasiões mais, do que guardei o suficiente para atender aos chamamentos dessas tecnologias dagora.

Transcorridos esses anos todos, cinco décadas, a lembrança desse religioso, que deixara sua terra querendo conquistar fiéis e amigos noutros lugares, se configura de modo atual. Magro, longilíneo, óculos claros, fino trato, refletia alma sincera, palavras bem posicionadas e facilidade na aproximação com as outras pessoas.

Imagino, por vezes, quantos mestres surgem pela vida afora, sem que notemos a importância de tais personalidades e influências, sujeitos a demorar até que consideremos o valor desses tipos humanos em nossa formação. Pessoas elas dotadas dos propósitos de civilização necessários ao aprimoramento de evolução, sem que disso demos conta. Eis qual considero hoje a figura de Mister Frank Soules, de quem nunca mais, desde então, saberia das notícias e do paradeiro. 

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