segunda-feira, 22 de abril de 2013

Adelino Moreira


As fases da vida marcam a memória da gente com pessoas, coisas, sentimentos. Outras lembranças se formam sobre as que antes apareceram, desse modo gerando novas elaborações no tempo, em camadas por cima das anteriores, crescendo blocos de experiência, personalidade, conhecimento, valores, hábitos, saudade, muita saudade.

Consideramos essas avaliações para abordar um acontecimento verificado na semana que passou, quando, aos 84 anos, desapareceu Adelino Moreira, compositor da música brasileira responsável por grandes sucessos do gênero romântico do cancioneiro popular no Brasil.

Entre os anos 50 e 70, as rádios repetiam com freqüência músicas desse português, nascido no Porto, que com um ano a família trouxera para viver em Campo Grande, no Rio de Janeiro. Sem arroubos excessivos, confirmamos a sua posição de um dos principais autores da trilha sonora daquelas décadas.

Nesse período, nenhum bom amante, farrista, seresteiro, que se preze, esqueceu peças quais Fica comigo esta noite, A última seresta, A volta do boêmio, Deusa do asfalto, Meu dilema, Escultura, Meu vício é você, Flor do meu bairro e Negue, na interpretação de Nélson Gonçalves; somadas a Devolvi e Solidão, com Núbia Lafayette; e Cinderela, com Ângela Maria; isso para que citemos tão só as mais conhecidas do grande público.

Adelino Moreira iniciou-se na música tocando bandolim e depois guitarra portuguesa. Chegou a gravar seis discos na Continental, sob a produção de Braguinha. No ano de 1952, passou a se dedicar às composições que lhe consagraram dentre os autores destacados de sambas-canções e boleros de nossa música, início da vitoriosa parceria com Nélson, desfeita em 1964.

Ainda hoje existem pessoas que votam preferência incondicional à tradição desse estilo de arte desenvolvido com o surgimento do disco e do rádio, no decorrer do século que passou.

Ressalte-se, ainda, que as raízes de tal predileção esportiva também surgiram das transmissões radiofônicas, assuntos, por isso, que demonstram alguma afinidade. E dentro de uma época quando o Rio de Janeiro gerenciava a cultura de massa em nosso meio.

Desse modo, nomes significativos perpassam a história das gentes e, por vezes, caem no ostracismo das horas vagas, nesse mistério infinito da existência. Porém a gratidão sempre deverá permanecer no rol das virtudes mais nobres, além das consagrações oficiais. Nunca haverá saudade das coisas ruins. As lembranças agradáveis que chegam, permanecem na alma em forma de sonhos, melodias e eternas emoções. Artistas, quais artesões da esperança, participam dessa construção de futuro, nutrindo a beleza daquilo que justifica a continuação de tudo...      

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