Donde vem a certeza do
invisível nas criaturas humanas, o que aponta na direção da crença, saber que
nasce do sentimento. Somente a razão justifica limites no instinto da
religiosidade. A margem estreita da busca dos valores espirituais serve de base
a muitas filosofias, que, de comum, permanecem prisioneiras da racionalidade,
reclamando o senso das verdades absolutas, sem, no entanto, localizar
justificativas suficientes para dispensá-la. O raciocínio fixa pontos
exclusivos de permanência no pensamento de conclusões definitivas, ocasionando
pouca chance de sobrevoar a matéria e ver outros paraísos maiores, mais
distantes, que ameniza o deserto de existir. A justeza dos princípios
filosóficos materialistas acha meios de alegar a dúvida e a desesperança, invés
dos níveis elevados ao Inconsciente, território comentado, pouco demonstrado,
no entanto. Porém a necessidade condiciona os mortais a procurar planos em que
o alimento recusado pelas filosofias concretistas possa alimentá-los, em vista da
sobrevivência apesar de tudo que elas abrigam nos postulados e demonstrações
físicas.
O contexto humano,
igualmente, carrega consigo fardo imenso de transcendência, razão da busca
incessante do Eterno, ainda que fruto apenas da essência interior. Se abandonar
à própria sorte os humanos, joguetes de destino nostálgico, indiferente a tudo,
eis carga de amargura e angústia que dominaria o mundo, forma absurda
inabitável da descrença. Conquanto submetido a doses fenomênicas de dúvida, há
que se tanger adiante o império da história racial que nos é entrega aos passos.
Nisto, perante a
tarefa de esclarecer quais elementos justificariam viver e realizar o projeto
da existência do Ser, face aos conceitos restritos da visão materialista dos
sentidos, pedirá interiorização individual de sensibilidade, profissão pura da
fé. Só por si ordenará o arcabouço da crença.
Em qual âmbito
particular, meandros além do pensamento e da palavra, território puro do
silêncio, a alma habitará os propósitos desta Verdade plena, campos de leite e
mel. Composto de interrogações e ausente das respostas do chão sistematizado na
contradição das filosofias, o fator do sentimento impõe sensibilização doutro
nível, atributo de valores inalcançáveis ao viajante das palavras e dos
conceitos.
Espécie de bloco
essencial persistirá, pois, no íntimo das criaturas humanas e as indicará
estruturas impossíveis ao puro e simples das ciências da razão material. O
inexplicável, por isso, que aproxima a nave misteriosa da metafísica, emoção
raciocinada, decodifica os sinais enigmáticos e indizíveis da Verdade maior
onde vive a consistência de um Tudo.
Afinal pedir Amor não
é pecado, mesmo que contrarie a rica Filosofia.
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