sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Equilíbrio


Três dias se passaram desde quando eu e meus irmãos vimos partir o nosso pai. Daí uma emoção esquisita, soma de saudade e conformação diante do quadro doloroso que lhe tocara a saúde, pareceu querer tomar conta do contexto avassalador. Vazio inominável se estabeleceu no ar em volta, e um a um ficamos ali pelos cantos do sentimento solitário lá por dentro do ser. Nisso, hoje soube do nascimento do meu segundo neto, Daniel, filho de Ceci e Felipe, ocorrido no Hospital Português, em Salvador, onde ela também nascera há três décadas.

Nisso ora vejo clara a boa disposição da Natureza de seguir seu curso misterioso, resposta permanente a toda dúvida e poder fabuloso de equilíbrio universal, às vistas dos acontecidos mortais que, em si, desenvolvem os atributos da perfeição inarredável. Marcha batida a favor desse viver eterno, desconhece as exigências da sorte e propaga a luz da esperança no âmbito das consciências.

Aula aberta de sobrevivência, revela os dotes das gerações. Através dos grãos da perenidade, desliza suave o curso das transformações, no seio de fenômenos paralelos, vizinhos, iguais. Enquanto isto, no coração da gente fervilha o valor da ciência pura das flores dos jardins de Deus, no trânsito de valor incalculável, nos quintais da Eternidade de que somos frutos.

Ainda que, nalgumas horas, doam e queimem as marcas de abandono que significam doces luzes, em nós percorrerá pelas entranhas a força vital do aconchego supremo e silencioso das trilhas naturais.

Acalmo, pois, questionamentos e trato logo de aceitar as contingências das nuvens que indicam probabilidades abertas, trabalho dos outros dias que nascem, crescem e revivem sempre. De braços abertos aos fenômenos inesperados, firmes pessoas desenvolvem o gosto, os dons, as tristezas e as alegrias; acreditam e persistem.

Olhos fixos no horizonte do futuro, assim, observo as lições silenciosas da existência e supero em mim emoções que falam a toda hora o código poderoso da linguagem perene e impessoal dos tempos da perfeição original.        

Nenhum comentário:

Postar um comentário