segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Pensamentos de homem livre


Houve um tempo, quando morei cinco quilômetros afastados da cidade, em casa que lá não possuía energia elétrica e telefone. Contava só com água de cacimba, bombeada por moto bomba movida a gás. Era a época das Diretas já, depois, eleição e doença de Tancredo Neves. De tanto prego que dava o motor, Zulene o batizara de Tancredo. Quase toda semana descia com ele para reparo na oficina de um conterrâneo das Lavras que vive em Crato. Nessas viagens, resolvia o problema, mas sobrava a certeza de que regressaria sem dúvida ao amigo mecânico (Nilson).

Desde então, quantas outras dependências seguiram aparecendo desse tempo convergente. Celulares. Computadores. Internet. Cachorros. Impostos e taxas. Filtros solares. Hidratantes. Atentas parabólicas. Exames periódicos. Outros reparos. Prestações variadas. Mensalidades. Compromissos partidários. Sindicais. Clubes. Renovação de carteiras. Contas bancárias. Ainda que, no mesmo lugar, cercas que comprimam. Etc. Etc.

Para onde torcer o pescoço, ali os vínculos institucionais da sociedade humana, convenções, limites constitucionais. Regras fundamentais da convivência dos cidadãos. Valores. Normas. Direitos e deveres mil. Sei, no entanto, que manufaturadas no aprimoramento da espécie. Padrões universais de entrosamento, conscientização coletiva das classes em movimento. Grades que cercam o território e amaciam relações comunitárias.

Sob essas concretudes circunstancias, deslizam individualidades, por vezes habituadas ao percurso natural das evidências. Noutras, contudo, desperto a considerações repetitivas, o sabor do choque de ideias soltas pelo ar, nos ditos pensamentos de homem livre. Explodem tais frutos inesperados da visão das oportunidades, mediante clarões que invadem salões da memória e fixam audiências a meio de demais produtos modificados e que ainda se modificarão a toda hora. Querem isso de abrir espaço possível para realidade alternativa do ser livre, vagas dominantes, audaciosas, o oceano presencia na tela de si pessoal. 
   
Os itinerantes lampejos da visão em atividade impõem largos voos monótonos e mudam sentidos antes naturais da conformação. Pegam o estrangeiro pela mão e o conduzem mar adentro, rumo do desconhecido... A rota do destino com isso reconstitui o poder original de humano livre das amarras postas no leito das estradas, agora determinando objetivos antes encobertos. Enquanto a força da liberdade dorme contida, escondida no querer dos talentos, seres iluminados assim revelam oportunidades de recriar novos universos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário