terça-feira, 28 de novembro de 2023

Quantos ídolos


Agora presentemente ando meio arrepiado com o gradual desaparecimento dos tantos ídolos da geração que, sem mais, nem menos, resolvem deixar as páginas da arte e sumir pelas folhas deselegantes dos noticiários, de uma hora a outra, qual houvessem mudado de casa e largado ao relento os antigos admiradores, assim qual as panelas antes novas e de repente decidem largam o fundo. E eles também somem?, é a primeira grande surpresa, pois foram o alimento de muitos verãos e animaram tanto as festas das noites de sábado.

Contudo, tem sido de tal modo. Grandes nomes do show business se dissolvem no passado num abrir e fechar de olhos. Eram peças quais definitivas dos sonhos adolescentes, das emoções desenfreadas e suas lembranças mil. Depois, vemo-nos sós à procura de novos chamamentos, largando no íntimo das caixas abarrotadas os livros, discos, ingressos de apresentações, cds, revistas, quem sabe o quê!, numa dor e numa ausência talvez bem pouco aproveitada no íntimo das fogueiras frias.

Lembro dos meus ídolos da música popular brasileira e internacional, das histórias em quadrinhos, dos romances super festejados, dos contos, crônicas, filmes, etc. Aonde foram parar todos eles, no entanto? A quem pedir satisfação do descaso de tudo isso que pelas encostas dos dias desapareceu, e a gente aqui a continuar nessa vastidão infinita, longe das certezas, à cata de novos apegos que tragam animação e reavivem sentimentos e variações aos pensamentos.

Às vezes me dou ao luxo de rever filmes emblemáticos que me fizeram a cabeça noutras oportunidades, mas que nessa hora contam outras histórias, demonstram outras verdades, no auge da indiferença pelo que passou. O Tempo, este senhor das eras e de poderes inigualáveis, apenas troca de figuras e larga ao chão das almas as impressões das quantas luas que nutriram paixões estonteantes, e recolhe seus equipamentos e os valores dos que foram embora após a função do espetáculo findo. Ficamos ali atônitos, abarrotados de saudade, olhos postos no túnel que escureceu e levou consigo dias de emoção avassaladora; com eles os protagonistas que, a essa hora, lá pelos camarins, estão a banhar o rosto das derradeiras marcas que tantos no fizeram diferentes do que hoje somos.

(Ilustração: Reprodução (papeiseparede.com.br).

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