sábado, 11 de novembro de 2023

O encontro

 

Das certezas, em face do sonho constante de felicidade, harmonia e paz, existirá o encontro. Estudos indicam a necessidade atual de buscar, acima de tudo, o instante da realização do Ser. Isto resume todas as filosofias de todo tempo. A sede inextinguível da perfeição. A ânsia contínua de um propósito. O desejo da identificação definitiva conosco próprios. Haja o que houve, seremos isto, o sentido desta concretização dos sonhos bons em nós mesmos.

A vida não é uma roda perpétua de ilusões, mas um contato constante com o concreto, tanto em suas formas materiais quanto espirituais, Czeslaw Milosz.

O senso comum, no entanto, parece guardar de si o vínculo eterno que o permite viver e transcender o limbo aparente deste vasto mundo. Quando, porém, cresce a dor de existir sob a perspectiva de vencer este reino daqui do Chão, nessa hora vem o prenúncio dos dias melhores, equilibrados quais a mãe Natureza em volta. Sob o peso das imposições da matéria, o ser que o somos investe, pois, na possibilidade do Infinito, que traz o mito do herói ao nosso desempenho, invés do puro e simples prazer do imediato e do frívolo desaparecimento fortuito.

No decorrer das tantas vidas, com isso os humanos percorrem o trilho da libertação dito pelos santos, sábios e místicos, motivo essencial que nos indica a que viemos e a coerência das histórias vividas aos olhos do Universo. O mínimo que seja de percepção já oferece meios de aceitar a existência e aperfeiçoar as suas escolhas que trazem respostas à interrogação. Bem assim, acalmar o instinto e dominar o segredo que transportamos desde sempre aonde quer que vá e quanto ame as condições e expectativas. Na sequência natural desse exercício da libertação, ao momento exato, virá o encontro consigo e com a infinitude que transportamos na alma sem ainda de todo identificar.

(Ilustração: O triunfo da morte, de Pieter Brueguel o Velho).

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