Enquanto isto se sabe que escrever devolve a solidão que transportamos na alma. De tudo que é lado, o espaço mostra sua face exclusiva de um só. Seja aqui ou no Infinito sem conta, lá esteja o pavilhão do inesperado, o que, de comum, chamam Destino. Bem que seja tal, nesta manhã. Nesgas de sons vêm de longe trazidas pelos ombros do vento. Ouço as vozes de um tempo a contar de si nas folhas e nos pássaros. E longe no horizonte esse tamborilar do desconhecido.
Por vezes, a lembrança cálida dos contos de O. Henry, seus
personagens impossíveis e as fantasias do mistério que sacodem velhos lençóis aos
céus. Nisso, as lembranças que repetem sucessivos enredos de quando foram
assim e logo depois desapareceram. Cenas de infância,
manhãs ensolaradas, nuvens raras e velozes naquele mundo de sertão, ali onde
restaria apenas calar a voz e adormecer no que viesse dos caminhos do sem fim.
E escrevo na intenção de partilhar comigo mesmo o
crivo desses passados que insistem permanecer até quem sabe quando?,
a impor condições, numa espécie de chantagem dessa velocidade
inextinguível dos dias. Esforço nenhum faço, no entanto, a fim de deter a
fome que alimenta com os pensamentos e a saudade. Talvez, nessa
vontade vinda de dentro, esteja o desejo de narrar os tais preâmbulos de
vida que vieram e sumiram sorrateíros.
Em consequência, concluo que devo largar de lado esses quais restos carcomidos de presenças estranhas do que sumiu e a memória
persiste sustentar, quero crer no instinto de tonalizar o presente e me manter
cativo, isto de um eu que nem existe mais. São, pois, fantasias do manto esplêndido que nos
envolve e lembra que há esperança e paz nalgum lugar do Universo impassível.
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