É preciso ter o caos dentro de si para gerar uma estrela dançante. Nietzsche
De novo ela que veio no céu dessa noite. Havia paz no campo, silêncio, raros sons de cães e vagos ruídos de pessoas na distância. Um mundo, uma lua nesse longo espaço infinito. As poucas horas onde o véu dos dias percorre a vastidão, desses momentos se busca a si seres perdidos entre pedras e pirilampos. Poucos, talvez, encontrem o que tanto aqui viemos buscar. Quais Ulisses perdidos num mar de sereias aos milhões, multidões, que lhe arrancam da alma os derradeiros instantes aonde pudesse descobrir o destino, a Salvação, e aceitar de bom grado perder o jogo de claro/escuro pelas veredas iguais. Bem isto, os humanos, experiências de compreensão inacabada. Circunstâncias fortuitas nesse jogo de apostas em que jogam o sentido das veias adentro, e aceitam de bom grado a emoção das pelejas.
Fora disso, persistem as interrogações a que vieram
responder. Uma vez sem respostas individuais, todos desvendam do mistério a
maneira de dormir de olhos abertos na face do abismo das horas inevitáveis. Chances
nesse vai-e-vem de saudades e sonhos, e mergulham nos mares. Misto de pensamentos, palavras e sentimentos,
adoçam de pretensa liberdade o que lhes resta fazer, e faz. Todos que seguem
rumo ao Sol.
Ao longe, uma voz melodiosa dos segredos em movimento pelos
corredores do Tempo, justo dessa vontade insistente de achar a porta do labirinto
que percorre sem cessar. E as luas, neste céu imenso, apenas sussurram desejos
de vencer deles o padecimento. Revelar as lâminas do coração na festa de
existir. Olhos bem abertos, no entanto, dizem tudo o que segue a brisa e vira
mera cinza de passados inertes nas vias dos futuros inexistentes. Nós,
pequeninos seres de nós mesmos em longas histórias sem fim. Enquanto há, no céu,
uma linda Lua crescente.
(Ilustração: Lua, todamateria.com.br (Reprodução).
Nenhum comentário:
Postar um comentário