quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Entre o Ser e o Nada


Bem ali entre esses dois personagens da Filosofia, numa cabana esquecida pelo Tempo, perdida na floresta do Infinito, vive um serzinho desgarrado, o Amor. Faz da história e desempenha a lenda dos que sonham no colo da imaginação. Amarfanhado, silente, livre da posse de objetos e paixões, diariamente prepara seus afazeres e sobrevive às custas das ausências e saudades de antigos momentos largados nas encostas do firmamento, só, a se debater, perene, no entanto, e feliz para sempre.

Foram muitas as festas a que comparecera, cercado de sons e ametistas, vícios e virtudes, porém na busca de si mesmo, o que veria de encontrar lá bem depois nas raízes do esquecimento. Cessadas as vidas de inconsciência, que restaria das segundas-feiras diante do expediente repetitivo? Acreditar, e acreditou. Susteve a vontade do ser, contudo firme nas certezas dos dramas que afronta, daí que acharia o que tanto procurara nos sertões dessas vidas cheias de lances e imprevistos. Seguiu, no entanto, a braços com o silêncio das madrugadas e das películas estonteantes da memória, séculos sem fim amém, até chegar aqui, face a face com as partículas desse Nada entontecido na distância, que veio nas sombras e filas da solidão. Sei que foram dias de sobressalto, quais alimentara na sede da visão, nos segredos e mistérios, impérios que preencheram o ser de livros a estantes nas horas dos noticiários enfurecidos, das normas inúteis de soberbas e aflição.

Depois de tudo aquilo, agora o Sol nessa planície aberta de um coração fervilhando das cores vivas da certeza. E todos viverão disso, alimento dos deuses e das fadas. Quantas luas mais ainda virão no transcorrer de momentos alegres das almas em flor. Que palavras iluminem as horas, olhos acendam de novas luzes e haja união feita nos desejos desfeitos através das vidas. Só então saberemos o quanto de realidade existe na consciência, pouso eterna da presença de todos os motivos,

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